Negociadores do governo golpista de Honduras, que implantou um regime ditatorial após depor o presidente constitucional Manuel Zelaya, recusaram novo acordo para por fim à crise política no país. Segundo eles, as conversas podem ser reiniciadas na quinta-feira (15).
Roberto Micheletti, líder do regime ditatorial em vigor, alegou que existe uma divergência a respeito da instância que deve decidir sobre a volta de Zelaya ao poder: o Congresso ou a Suprema Corte de Justiça.
“Estão pedindo para o Congresso decidir se ele poderá voltar ou não, mas isto é um assunto legal, que, definitivamente, cabe à Suprema Corte de Justiça”, declarou Micheletti, que era presidente do Congresso antes de assumir o comando do Executivo e contou com aval da Suprema Corte para depor Zelaya e expulsá-lo do país.
Em comunicado, o governo golpista destacou que “até o momento, não há qualquer acordo definitivo sobre este ponto e quinta-feira os negociadores retomarão o diálogo”.
As delegações haviam chegado a um consenso que previa a restituição de Zelaya ao poder, segundo informou Víctor Meza, negociador-chefe da comissão que representa o presidente deposto. Mas o texto ainda precisava ser aprovado pelos respectivos líderes (Zelaya e Roberto Micheletti, líder do regime ditatorial em vigor).
Efrain Salgado/EFE
Partidários de Zelaya protestam em frente ao local de negociação
“Chegamos a um acordo de um texto unificado que vai ser discutido e analisado pelo presidente Zelaya e pelo senhor Micheletti”, declarou Meza, em coletiva de imprensa. “Não diria que é o fim da crise política, mas é uma saída, sim”, destacou. Horas depois, a delegação de Micheletti anunciou que não havia ratificado o acordo.
Amanhã, acaba o período estipulado por Zelaya para sua volta à presidência. Ele foi deposto no dia 28 de junho.
“Chegamos a um consenso sobre um texto único a respeito do ponto 6, mas não posso falar do conteúdo do documento porque estaria descumprindo o compromisso e poderia minar as negociações com Micheletti”, revelou Meza, referindo-se a um item do Acordo de San Jose, proposto pela Organização dos Estados Americanos (OEA), que determina a volta de Zelaya ao poder.
O ponto principal da discussão entre as comissões, que se reúnem desde o último dia 8, foi a volta de Zelaya ao poder, apesar de os golpistas partidários de Michelleti se negarem a falar sobre o assunto. Nenhuma das partes quis comentar detalhes do acordo.
Vilma Morales, ex-presidente da Corte Suprema de Justiça e membro da comissão de diálogo de Micheletti, reforçou a existência de um consenso.
Ontem, as partes permaneceram em discussão por mais de sete horas. Depois da reunião, divulgaram que o acordo teria avançado em mais de 90%. O encontro foi abandonado pelo líder da Resistência Contra o Golpe de Estado, Juan Barahona, por não aceitar que a proposta de convocação de uma Assembleia Constituinte fosse retirada da mesa de negociação.
(Atualizado às 20h15).
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