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Joe Strummer faleceu há exatos dez anos em sua casa no campo no sudoeste da Inglaterra, mas sua vida é celebrada até os dias atuais anualmente por centenas de fãs ao redor do mundo. Do Japão aos Estados Unidos, dezenas de shows neste sábado (22/12) marcam a data com eventos beneficentes para a fundação Strummerville, formada por seus familiares e amigos um ano depois de sua morte.
Com apenas 50 anos, o artista já havia se consolidado como uma das principais referências do punk rock e deixado um importante legado junto à banda The Clash e em seus projetos solos.
A introdução de novas influências musicais ao ritmo britânico que fizeram o sucesso estrondoso do London Calling, terceiro disco da banda, marcou a sua carreira e influenciou gerações posteriores. O filho de ingleses que viveu toda sua juventude em países colonizados misturou reggae, ska, dub, funk, rap e eletrônico com o punk.
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Grafite em referência à música White Riot da banda Clash e em homenagem a Joe Strummer
À revolta de um jovem punk dos anos 1970 foi se unindo, com os anos, aos temas de injustiça social e fatos marcantes da época como a Guerra do Vietnã e o imperialismo cultural norte-americano. É esse o lema de Straight to Hell (vídeo abaixo), do álbum Combat Rock (1982), e é sob essa influência que o grupo nomeou um de seus discos de Sandinista! em uma clara homenagem a FSLN (Frente de Sandinista de Libertação Nacional), na Nicarágua.
Strummer se envolveu na Liga Anti-Nazista do Partido Socialista dos Trabalhadores no Reino Unido no final dos anos 1970 e depois, na campanha “Rock contra o Racismo”. Ambos os grupos, reestruturados nos dias atuais, procuram se opor a organizações neonazistas e xenófobas da Europa.
“Joe foi o motor que ajudou a dar ao punk o seu viés político. Eu tenho uma grande admiração por ele. Suas músicas mais recentes são tão politizadas e nervosas como qualquer outra canção que ele fez com o Clash”, afirmou Billy Bragg, cantor e ativista político. “Sua opinião sobre o Reino Unido multicultural no século XXI está muito além do que a de qualquer outro. Sem Joe, não haveria um Clash politizado e sem o Clash, toda a esfera política do punk estaria, seriamente, prejudicada”.
Os ideais socialistas e igualitários que Strummer imprimiu em suas canções não morreram dez anos depois de sua morte por conta do trabalho desenvolvido por parentes e amigos na fundação Strummerville; pelo contrário, sua mensagem adquiriu uma nova conotação e pode atravessar mares.
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A organização, baseada no Reino Unido, apoia projetos de incentivo musical a jovens de baixa renda em Serra Leoa e Maláui, mas também no território britânico como uma rádio comunitária em Londres.
Dezenas de shows em diversos países do mundo serão realizados na noite deste sábado (22/12) em homenagem ao compositor. O dinheiro arrecadado será convertido para os projetos da Fundação.