Menos de 24 horas após o Senado dos Estados Unidos aprovar o pacote de recuperação econômica do presidente Barack Obama, deputados e senadores entraram em acordo hoje (11) sobre o texto final do plano e decidiram que a injeção de recursos públicos na economia norte-americana será de US$ 789 bilhões. Leia o documento na íntegra, em inglês.
O acordo foi costurado ao cabo de intensas e polêmicas semanas de discussões, e de uma firme intervenção pública do presidente, que, num gesto inédito, saiu de Washington em três ocasiões e agitou a opinião pública, pressionando os políticos.
“Realmente, as propostas eram um pouco parecidas, e tenho o prazer de informar que conseguimos resolver nossas diferenças”, disse o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, ao revelar que os negociadores das duas Casas trabalharam a noite inteira.
O pacote é uma mistura de cortes de impostos e investimentos do Estado em empresas que estão à beira da falência e setores econômicos afetados pela redução dos serviços. Não inclui nada para acabar com a crise das hipotecas residenciais, porque isso será abordado em outro plano separado, que deve ser apresentado aos deputados nas próximas semanas.
Em termos gerais, o objetivo é ajudar diretamente as vítimas da recessão, tanto com a criação de empregos quanto com o aumento no seguro- desemprego, na ajuda alimentar, na cobertura médica. Evitando que os estados reduzam seus programas sociais e públicos.
Segundo fontes democratas, 65% dos US$ 789 bilhões será usado em despesas e 35%, em cortes de impostos para que as empresas voltem a investir. Em termos de impostos pessoais, haverá uma redução anual de US$ 800 por família e US$ 400 por indivíduo.
Pouco mais de US$ 44 bilhões vão ser enviados diretamente aos estados para serem aplicados em educação, sanidade e outros serviços, em particular o sistema de seguros Cobra, que permite a um desempregado continuar a ter cobertura médica até 26 meses depois de perder o emprego.
Separadamente, o governo federal vai investir diretamente entre US$ 6 bilhões e US$ 9 bilhões na criação de novos estabelecimentos de ensino.
Tal como está desenhado agora, o plano simplesmente define diretrizes em áreas onde aplicar o dinheiro. Depois que Obama o sancionar, possivelmente na próxima segunda-feira, caberá aos diversos setores do governo definir exatamente onde será aplicado.
Calcula-se que uma lista definitiva dos beneficiários estará pronta em três meses, com destaque para aqueles que criam mais empregos.
O plano de recuperação econômica de Obama sempre contou com a oposição dos republicanos, que são minoria no Congresso, porque defendem maior redução nas despesas públicas e mais corte de impostos.
Os dissidentes
No entanto, a dissidência de três senadores republicanos foi essencial para o acordo de hoje, confirmou Harry Reid. São eles: Susan Collins e Olympia Snowe, do estado de Maine, e Arlen Specter, da Pensilvânia. Ontem, um grupo da direita republicana anunciou que vai fazer uma campanha para derrotar os três nas próximas eleições.
“Hoje conseguimos provar que se trabalhamos junto, podemos resolver os problemas do país e enfrentar a crise econômica”, comentou Collins.
Para Snowe, os colegas “perderam uma grande oportunidade de fazer alguma coisa pelos norte-americanos”.
O plano aprovado pela Câmara dos Deputados tinha um orçamento de US$ 819 bilhões e o do Senado era um pouco mais alto: US$ 838 bilhões. Segundo Reid, o número final de US$ 789 bilhões deve-se ao fato de que cria mais empregos que a proposta do Senado e prevê menos despesas do que a Câmara queria.
Fonte da Casa Branca disse ao Opera Mundi que, por ora, Obama não vai comentar o acordo, porque quer ver o texto completo primeiro e discuti-lo com seu chefe de gabinete, Rahm Emanuel, que participou das conversas na madrugada passada.
Leia também sobre a vibração de desempregados na Flórida em encontro com Obama.
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