O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, ofereceu aos liberal-democratas hoje (7/5) uma reforma no sistema eleitoral do Reino Unido. A proposta é tentadora, já que o terceiro colocado nas eleições, apesar de ter conquistado 29% dos votos, conquistou somente 57 cadeiras no Parlamento – cinco a menos do que detinha.
Brown tem a obrigação constitucional de assegurar a formação de um governo estável e, embora seu partido não tenha vencido as eleições, tem a prerrogativa de tentar formar uma administração com o apoio de outras legendas.
Com as 649 cadeiras definidas, o Partido Conservador, dono de 306, já se confirma como vencedor, mas sem maioria absoluta. Os trabalhistas têm 258.
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Em declaração anterior à de Brown, o líder conservador pediu apoio do Partido Liberal-Democrata. Cameron, porém, não falou diretamente sobre uma coalizão para a formação do novo governo e disse apenas que quer fazer uma oferta aos Libdem. “O partido conservador queria a maioria no Parlamento. Mas nós também queremos o melhor para o Reino Unido. Sempre colocamos os interesses nacionais como prioridade”, disse Cameron.
Segundo Cameron, seu partido e os liberais democratas concordam em alguns aspectos e divergem em outros, mas o partido estaria disposto a “ceder terreno” em alguns casos.
Incerteza
Em artigo no jornal britânico The Guardian, Tom Clark define o clima de indefinição que paira sobre o Reino Unido hoje. “Então, o que acontece agora? A verdade, claro, é que nenhum de nós têm ideia.”, escreveu em referência ao “Hung Parliament” (Parlamento enforcado), situação em que nenhum dos partidos conquista maioria.
Cameron destacou a importância de formar um “governo estável em breve” pelo bem do Reino Unido. As incertezas sobre quem assumirá o posto de primeiro-ministro reverberaram na cotação da libera esterlina, que caiu para US$ 1,45 e 1,14 euro, mas recuperou parte do valor perdido depois que o líder do Partido Liberal-Democrata, Nick Clegg, confirmou que corresponde aos conservadores tomar a iniciativa e formar o novo governo.
O analista Phil Hughes, da empresa Currencies Direct, afirmou à agência de notícias local PA que, se algo decisivo não acontecer em breve, as consequências podem ser uma venda generalizada da libra e um eventual rebaixamento da qualificação creditícia do Reino Unido.
Sistema eleitoral
Conservadores e trabalhistas disputam a maioria dos votos – e a liderança do Parlamento. No processo eleitoral, os candidatos não recebem votos individualmente, exceto pelos distritos onde concorrem diretamente. Cada eleitor pertence a uma região, de acordo com uma divisão feita pelo governo, e elege um representante para o parlamento, composto por 650 assentos. O ganhador é, portanto, o candidato que consegue mais votos em cada lugar, o que favorece o bipartidarismo. Os eleitores naturalmente se dividem para evitar um acúmulo de votos no partido oposto.
Se nenhum partido conseguir a maioria simples (326 cadeiras), ocorre uma situação chamada de “hung Parliament” (parlamento enforcado). Nela, com um parlamento sem a maioria absoluta necessária para governar sozinho, o líder do partido com o maior número de deputados ainda pode encabeçar o governo, em uma possível aliança com um segundo partido. Se os partidos não chegam a um acordo para a formação de um governo de coalizão, uma nova eleição pode ser convocada.
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