A comissão do Comércio Internacional dos Estados Unidos (ITC, na sigla em inglês) formalizou a tarifa a ser paga em exportações de biodiesel derivado da Argentina em 72%. A imposição, que passa a valer a partir desta quinta-feira (04/01), é uma derrota para o presidente argentino Mauricio Macri, que se envolveu diretamente nas negociações da taxa.
Na prática, o novo imposto impede que o país sul-americano exporte o combustível, que chegaria a território norte-americano muito caro e pouco competitivo.
O governo norte-americano acusa a Argentina de dumping (oferecer produtos abaixo do preço de mercado), o que, segundo eles, vem servindo para desestabilizar a produção dos EUA. Uma investigação foi requisitada por uma coalizão entre o Conselho Nacional de Biodiesel (NBB, em inglês), associação norte-americana que representa a indústria, e 15 produtores de biocombustível estadunidenses.
Além da acusação de dumping, a NBB alegou que as importações de biodiesel provenientes da Argentina aumentaram 464% entre 2014 e 2016, o que gerou uma redução de 18,3% na participação de mercado dos produtores norte-americanos.
As exportações argentinas de biodiesel aos Estados Unidos haviam rendido em 2016 uma receita de 1,25 bilhão de dólares, tendo caído para 1,6 bilhões de dólares em 2017. A queda acendeu a luz vermelha para o governo argentino, que passou a tentar negociar medidas que sustassem a nova imposição, anunciada em novembro de 2017.
Flickr
As exportações argentinas de biodiesel aos Estados Unidos haviam alcançado em 2016 uma receita de 1,25 bilhão de dólares, tendo caído para 1,6 milhões de dólares em 2017
NULL
NULL
Em comunicado, o governo da Argentina afirmou que seus esforços “têm sido muito importantes. O presidente falou com seu homólogo norte-americano, Donald Trump (…). A questão está no mais alto nível político”. A nota destacou também o fato de que “o Departamento de Comércio levantou por escrito a vontade de negociar” com o governo norte-americano.
A associação argentina de biodiesel Carbio, que representa produtores como a Cargill e Louis Dreyfus, negou que o governo argentino forneça subsídios para a produção de biodiesel e chamou a decisão norte-americana de protecionismo.
Em 2017, os EUA bateram recorde na produção de biodiesel. Segundo dados oficiais divulgados pela Administração de Informação em Energia (EIA, na sigla em inglês), a produção do combustível superou 1,68 bilhão de litros, sendo esse o maior volume de fabricação desde 2012.
Tarifas preliminares
Imposições de tarifas preliminares vêm sendo fixadas desde agosto do ano passado, quando o governo norte-americano alegou que a Argentina oferece subsídios a seus produtores de biodiesel, o que torna o preço do combustível abaixo do valor de mercado. Em agosto, o valor de tarifa imposta pelos EUA ficou entre 50,29% e 64,17%, dependendo dos produtores e exportadores envolvidos. Em outubro, esta tarifa chegou a até 70,05%.
A chancelaria do governo argentino se pronunciou assim que as medidas foram anunciadas em agosto, manifestando “seu rechaço à magnitude dos direitos preliminares impostos, superiores a 50%, que não correspondem a nenhum tipo de investigação objetiva nem metodologia aceitável do ponto de vista das normas da Organização Mundial do Comércio (OMC)”.