A aliança da oposição síria, que chegou neste sábado (30/01) a Genebra para as negociações de paz promovidas pela ONU, pediu ao governo de Bashar al Assad que mostre boa vontade no início deste processo diplomático e liberte cerca de 3.000 prisioneiros, com prioridade para mulheres e crianças detidas.
“Poucas coisas achamos fáceis de implementar e algo que é fácil é libertar essas mulheres e crianças das prisões. Queremos garantir que isso seja feito”, declarou o porta-voz da Coalizão Nacional Síria (CNS), Salem Muslit.
Agência Efe
O enviado da ONU para a Síria e mediador das negociações de paz entre governo e oposição, Staffan de Mistura
Outro pedido do grupo é a permissão para a entrada de ajuda humanitária nas áreas que estão cercadas militarmente com população civil. Muslat afirmou que a delegação opositora “tentará que estas negociações sejam bem-sucedidas” e disse que as reivindicações não são pré-condições para a reunião com os membros do governo.
“Viemos aqui e estamos prontos para começar as negociações, mas também queremos ter a certeza de que a resolução 2.254 do Conselho de Segurança da ONU será cumprida”, comentou ele, em referência ao texto que pede permissão para a entrada de ajuda humanitária às populações sob assédio armado e o fim dos ataques contra áreas civis.
Os representantes da oposição chegaram a Genebra no fim da tarde de ontem, mas problemas em alguns vistos de entrada os retiveram por mais de três horas no aeroporto. Na chegada ao hotel, evitaram falar com os jornalistas que aguardavam.
O porta-voz do grupo foi o único que se dirigiu brevemente à imprensa para dizer que as negociações de paz servirão para provar se o governo sírio pretende ou não cumprir com os pontos indicados na resolução do Conselho de Segurança.
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O mediador da Organização das Nações Unidas (ONU) nestas negociações, Staffan de Mistura, informou anteriormente que seu plano é fazer uma “reunião preparatória” neste domingo (31/01) com a delegação da oposição, como a feita na última sexta-feira com a delegação do governo. Isto deixaria o terreno preparado para iniciar na segunda-feira as negociações indiretas entre as partes.
Explosão ao sul de Damasco
Pelo menos 45 pessoas morreram e outras 40 ficaram feridas em explosões registradas neste domingo (31/01) no subúrbio de Sayida Zeinab, ao sudeste de Damasco e de maioria xiita, informou a Sana, agência oficial de notícias da Síria.
A agência, que citou uma fonte do Ministério do Interior, classificou os ataques de “atentados covardes”. Além disso, afirmou que o primeiro deles ocorreu com a explosão de um carro-bomba em uma parada de ônibus na região de Ku Sudão.
Depois, segundo a Sana, dois homens acionaram os coletes explosivos que levavam quando os moradores da região se aproximavam para ajudar os feridos da primeira explosão.
b”O objetivo dessa ação terrorista covarde e desesperada é elevar a moral das organizações terroristas que estão sendo derrotadas em todas as regiões do país”, disse a fonte do Ministério do Interior citada pela agência.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos elevou para 47 o número de mortos no incidente, entre eles 16 milicianos xiitas leais ao regime de Bashar al Assad. Ao contrário da Sana, a organização afirma que foram duas explosões, a primeira por um suicida com um colete de explosivos e a segunda por um carro-bomba.
A entidade, que inicialmente informou sobre a morte de 12 pessoas, não descarta que o número de vítimas ainda aumente devido à quantidade de feridos em estado grave.
Sayida Zeinab está a de 17 quilômetros ao sudeste de Damasco e é protegida pelo grupo xiita libanês Hezbollah, organização que já afirmou, em várias ocasiões, que zela pelas áreas e santuários xiitas contra ataques dos sunitas na Síria.
No subúrbio está a mesquita de Sayida Zeinab, local de peregrinação dos xiitas e que, no passado, foi alvo de ataques.