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A malária mata, anualmente, cerca de 660 mil pessoas ao redor do mundo, majoritariamente, crianças africanas
Uma empresa farmacêutica britânica anunciou nesta terça-feira (08/10) que vai pedir aprovação científica para utilizar uma vacina contra a malária em países africanos, os mais afetados pela doença. Ela estima que, até 2015, o produto pode estar no mercado, podendo se tornar a primeira vacina disponível contra a infecção.
Todos os anos, cerca de 660 mil pessoas – na maioria, crianças menores de 5 anos – morrem em decorrência da malária, que é transmitida pela picada do mosquito Anopheles. No total, anualmente, são cerca de 219 milhões de casos ao redor do mundo. A infecção ainda pode deixar danos de saúde graves e permanentes aos sobreviventes.
A GlaxoSmithKline (GSK), empresa que lidera os testes, afirma que conseguiu cortar pela metade os casos de malária em crianças de 5 anos e sete meses e, em um quarto, em bebês de 6 a 12 semanas, nas primeiras aplicações da vacina. Para cada mil crianças imunizadas no teste, cerca de 941 casos foram evitados, segundo estimativas divulgadas pelo jornal britânico Guardian.
Apesar de acrescentar 5% ao preço de custo da vacina, a GSK negou que terá interesses em lucrar com o produto. Segundo a empresa, o valor adicional será convertido em recursos de pesquisa para antídotos de outras doenças tropicais. Até agora, a indústria britânica gastou 350 milhões de dólares com a vacina e estima que irá investir mais 260 milhões antes de o produto chegar ao mercado.
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A pesquisa também obteve financiamento da Fundação Bill e Melinda Gates, que doou 200 milhões de dólares por intermédio da MVI (Iniciativa da Vacina da Malária, na sigla em inglês).
Três décadas de teste
O antídoto, batizado de “RTS,S”, está sendo desenvolvido há mais de três décadas pela empresa em parceria com a MVI e é apenas um dos vários medicamentos testados pela farmacêutica.
O dossiê será enviado à Agência Europeia de Medicina no próximo ano e, caso obtenha a licença, será encaminhada para a OMS (Organização Mundial de Saúde) para aprovação final. “Apesar de termos visto um declínio na eficácia da vacina com o tempo, a queda no número absoluto de crianças infectadas pela malária revela que o número de casos que a vacina pode ajudar a prevenir é impressionante”, disse o presidente da GSK, Andrew Witty.
Segundo ele, a companhia quer obter a autorização de uso para África, onde a malária afeta a milhares de pessoas. “Se estivéssemos tratando de uma doença com grande impacto nos Estados Unidos ou na Europa, acredito que também estaríamos pressionando para a licença”, justificou Ducan Learmouth, vice-presidente da empresa para países em desenvolvimento e acesso a mercados, em resposta ao por quê a empresa escolheu a África.
Outras farmacêuticas também estão envolvidas no desenvolvimento de uma vacina contra a malária e a declaração da GSK levantou suspeitas se o que está em jogo não é, na verdade, uma disputa de mercado. Learmouth negou essa possibilidade, pois, segundo ele, outras indústrias ainda não estão em um estágio tão desenvolvido da pesquisa.
* Com informações de agências e jornais internacionais