No primeiro minuto deste sábado (01/12), Enrique Peña Nieto assumiu a Presidência do México em uma cerimônia realizada no Palácio Nacional, sede do Poder Executivo, na Cidade do México. Já pela manhã, ele participa do juramento no Congresso.
Também já estão sendo registradas, desde as primeiras horas da manhã, algumas concentrações de manifestantes em protesto contra o novo chefe de Estado, em especial na praça Zócalo. As manifestações foram convocadas pelos integrantes do movimento YoSoy132, militantes do PRD (Partido da Revolução Democrática) e do Morena (Movimento Regeneração Nacional), liderado por Andrés Manuel López Obrador, que ficou em segundo lugar na eleição presidencial realizada em 1º de julho e não reconhece a vitória de Peña Nieto. Esses grupos consideram que a vitória de Peña Nieto foi construída com base em fraudes eleitorais.
Na cerimônia de transferência do poder, pouco após a meia-noite local, o ex-presidente Felipe Calderón, do PAN (Partido de Ação Nacional), entregou a bandeira do México ao seu sucessor, do PRI (Partido Revolucionário Institucional. Às 11h40, Peña Nieto deverá fazer seu primeiro pronunciamento já como presidente do país. Ele governará o país pelos próximos seis anos.
Agência Efe (30/11/12)
O novo presidente do México, Enrique Peña Nieto, tomou posse neste sábado
Imediatamente depois da mudança de comando presidencial foi feito o juramento dos membros do novo gabinete de segurança, integrado por Miguel Ángel Osorio Chong, que ficará à frente da Secretaria de Governo; Salvador Cienfuegos Zepeda, como titular da pasta da Defesa Nacional; e Vidal Francisco Soberón Sanz, como secretário da Marinha.
Perfil
Peña Nieto é advogado, tem 46 anos, e milita no PRI desde os 18 anos. Promete fortalecer a “posição estratégica do México no mundo” e estimular a reconciliação nacional.
Os desafios mais importantes do novo presidente mexicano serão restabelecer a paz e a segurança, combater a corrupção através de um órgão dedicado a essa tarefa e gerar empregos e incentivar o desenvolvimento econômico para melhorar o bem-estar social.
Peña Nieto prometeu uma Presidência moderna, responsável e aberta às críticas nesta nova oportunidade ao PRI, que ficou no poder de 1929 até 2000, quando o perdeu para o PAN (Partido Ação Nacional), de Vicente Fox, que conseguiu reeleger seu sucessor, Calderón.
No entanto, para o analista político mexicano Carlos Elizondo, o estilo de Peña Nieto ainda é uma “incógnita”, porque ele “nunca teve um cargo no governo federal”.
Embora tenha governado de 2005 a 2011 o Estado do México, “por mais importante que este seja”, os problemas e os fatores que agora vai enfrentar são “muito diferentes” dos que lidou ao longo de sua carreira, disse à Agência Efe o professor do CIDE (Centro de Pesquisa e Docência Econômicas), na Cidade do México.
Por um lado, o novo governante conta com condições macroeconômicas favoráveis e expectativas de crescimento boas em um contexto global difícil, mas em matéria de segurança tem seu maior desafio, já que os índices de violência estão em níveis muito altos.
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No entanto, para Elizondo, “parece que o ciclo de violência está em baixa”, o que permitirá a Peña Nieto um início “cômodo”, em que deverá mostrar resultados rápidos neste tema e nas grandes reformas que prometeu, tarefas para as quais deverá negociar, por não ter o controle do Congresso.
A equipe de Peña Nieto tenta fechar um pacto de abrangência nacional com outros partidos políticos sobre os temas mais importantes do país, aliança que não conseguiu fechar antes do início do mandato devido a reservas de setores do PRD.
Peña Nieto também não conseguiu levar em frente a reforma da estrutura de governo, a fim de eliminar duas pastas, entre elas a de Segurança Pública, que seria absorvida pela Secretaria de Governo.
O novo presidente deverá mostrar a partir de hoje que não foi “imposto” e “pré-fabricado” pela rede de televisão Televisa, como alegam seus críticos, sendo Obrador o principal deles.
Agência Efe
O ex-presidente Felipe Calderón, durante cerimônia de posse de seu sucessor
Essa situação se deve ao fato de que apenas a partir de 2005, quando foi candidato a governador do estado do México, o presidente eleito passou a ser conhecido no cenário político do país, apesar de então já ter tido vários cargos na administração pública, sempre em nível estadual.
Na campanha que culminou com sua eleição, “a estratégia foi vender um “rockstar”: jovem, alegre, com muito boa aparência”, diz um dos que discursou nela, Liébano Sáenz, citado pela revista “Nexos”.
Sempre bem penteado, Peña Nieto começou na época a assinar documentos em público para garantir suas promessas políticas, uma estratégia que repetiu centenas de vezes na campanha presidencial.
Seu mentor político nessa primeira etapa foi Arturo Montiel, um tio distante e governador do Estado do México de 1999 a 2005, e cuja gestão esteve marcada por denúncias de corrupção.
Em 2000, Peña Nieto se tornou secretário de Administração do governo desse Estado. Em 2003 foi eleito deputado pelo distrito de Atlacomulco, e, em 15 de setembro de 2005, virou governador.
Em um perfil publicado no livro “Os suspirantes”, o jornalista Ignacio Rodríguez Reyna descreve Peña Nieto como um “político rígido, pouco hábil para improvisar, debater”; seu forte é seguir o roteiro em “cenários preparados e controlados”, acrescentou.
Em dezembro de 2011, isso ficou em evidência na FIL (Feira Internacional do Livro da Cidade do México), quando um jornalista lhe pediu que mencionasse ao menos três obras que mais tinham impactado sua vida, e ele só conseguiu citar a Bíblia.
Esse deslize despertou uma onda de críticas sobre sua preparação, apesar de contar com uma licenciatura em Direito e um mestrado em Administração de Empresas.
Em plena campanha, teve que enfrentar o movimento “Yo soy 132”, que surgiu depois que estudantes questionaram, entre outros fatores, a repressão policial de uma revolta civil em maio de 2006 no Estado do México que acabou com dois mortos, a detenção de 200 ativistas e abusos sexuais de várias mulheres.
Pessoas do entorno do PRI qualificaram os jovens como agentes a serviço de outros interesses, mas estes defenderam seu direito à crítica e ganharam respaldo nas redes sociais, surgindo assim um movimento que teve voz própria na campanha e dialogou com os candidatos, exceto com Peña Nieto.