Ao menos 39 pessoas morreram desde a noite do sábado (26/09) com a escalada do conflito entre os separatistas armênios e militares do Azerbaijão na região autônoma de Nagorno-Karabakh, confirmou o governo azeri nesta segunda-feira (28/09).
Das vítimas, 32 são separatistas, cinco são civis azeris e dois são civis armênios. O Azerbaijão não informou, no entanto, se teve perda de militares.
Os dois lados acusam que foram bombardeados e que responderam os ataques ao longo da fronteira.
Após o governo da Armênia, que apoia os separatistas, anunciar a lei marcial e a mobilização total das tropas, o presidente azeri, Ilham Aliyev, declarou “mobilização parcial” de suas Forças Armadas nesta segunda-feira. O mandatário encarregou o Serviço de Estado pela mobilização e determinação da área aprovada em plano nacional.
Por sua vez, um dos assessores do Ministério da Defesa da Armênia, Shushan Stepanyan, informou à agência russa Interfax que o “inimigo perdeu muitas tropas e meios” durante os combates entre domingo e segunda.
“Conflitos de várias intensidades foram observados durante a noite. Rapidamente, de manhã, o inimigo retomou a ofensiva com sistemas de artilharia, veículos couraçados e um pesado lança-chamas TOS”, disse Stepanyan.
David Stanley/FlickrCC
Armênia e Azerbaijão disputam controle da região de Nagorno-Karabakh
Nagorno-Karabakh
O conflito pela região de Nagorno-Karabakh ocorre desde o fim da década de 1980 e início da de 1990, quando chegou ao fim a União Soviética. À época, uma guerra entre os dois lados deixou mais de 25 mil mortos e um clima bélico constante.
Atualmente, a área é reconhecida internacionalmente como pertencente ao Azerbaijão, mas a maioria da população é de origem armênia e há décadas quer anexar o território a Ierevan. Há anos, as negociações de paz entre os dois lados estão paralisadas, sem nenhum avanço político ou diplomático na questão.
Há o temor de que uma guerra exploda no Cáucaso se houver interferências externas. Isso porque o conflito pode colocar frente a frente turcos e russos, que rivalizam pelo domínio na região. Porém, enquanto a Turquia se colocou publicamente ao lado de Baku – até mesmo pela rivalidade histórica com o povo armênio há mais de 100 anos -, Moscou adotou uma postura mais comedida, pedindo um cessar-fogo.
Nesta segunda-feira, inclusive, o porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitri Peskov, reforçou o pedido feito por uma nota oficial do Ministério das Relações Exteriores e pediu que o conflito “cesse imediatamente”, destacando que o Kremlin acompanha com “grande preocupação” os fatos ocorridos desde o fim de semana.
O mesmo apelo foi repetido pela União Europeia, através do porta-voz do Serviço Europeu para Ação Externa, Peter Sano.
“É urgente que cessem todas as hostilidades. Há um risco de graves consequências e de desestabilização de toda a região. Todos os atores da região devem contribuir para parar o confronto armado”, disse Sano acrescentando que a região do Cáucaso não pode ser alvo de “nenhum interesse” e nem de “interferências do exterior”.