Com bancos afundados em dívidas de pelo menos 40 bilhões de euros, a Espanha fez seu primeiro apelo direto à Europa por um resgate internacional. O primeiro-ministro Mariano Rajoy afirmou, em discurso ao Senado nesta terça-feira (05/06), que a Europa “precisa ajudar aqueles que estão em dificuldades”, pregando união fiscal e bancária. Seu ministro da Fazenda, Cristóbal Montoro, afirmou que em virtude da desconfiança sobre o país “as portas do mercado estão fechadas”.
A movimentação de Rajoy por um resgate “informal” do setor bancário espanhol, sem as condições impostas pelos mecanismos da zona do euro e pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), surge em meio à crise do banco Bankia, o 4º maior do país, dono de um rombo de 19 bilhões de euros. A Espanha optou rapidamente por nacionalizar a dívida e procura uma forma de pagá-la. Ao mesmo tempo, no entanto, a cúpula do Bankia recebeu bônus milionários, enquanto outros ainda aguardam suas fatias do bolo.
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Matias Amat, executivo sênior do banco espanhol, aceitou 6,2 milhões de euros ao se aposentar aos 58 anos. Aurelio Izquierdo, também executivo sênior, aguarda para receber pagamento de 14 milhões de euros. Os casos, trazidos à tona na semana passada, são últimos capítulos da crise espanhola, que começou com uma bolha imobiliária há quatro anos.
Rodrigo Rato, ex-presidente do Bankia, pediu demissão há três semanas. Ele foi ministro das finanças do partido do Rajoy, o PP, e diretor do FMI entre 2004 e 2007. Em fevereiro, seu salário foi cortado pelo governo espanhol em 75%, saindo de amplos 2,34 milhões de euros para “apenas” 600 mil euros. A medida foi à época celebrada por Rajoy, que tinha acabado de injetar no banco 4,5 bilhões de euros.
A Alemanha rejeita usar fundos de resgate da zona do euro para recapitalizar os bancos espanhóis e afirma esperar que Rajoy busque crédito por meio do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira, que impõe negociações com membros do bloco. Volker Kauder, líder de Angela Merkel no parlamento alemão, disse que os países da zona do euro precisam “fazer todo o possível para contribuir na resolução de seus problemas por conta própria”.
Produção em queda
Dados divulgados nesta quarta-feira (6/6), referentes ao mês de abril, mostram queda de 8,3% na produção industrial da Espanha. A produção de bens de consumo duráveis caiu 16% e de bens de capital viu queda de 14,9%.
Os números acentuaram o apelo de Rajoy à zona do euro para o resgate. Segundo ele, a economia espanhola passa por “extrema dificuldade”. Contudo, sem a anuência da Alemanha, que só aceita oferecer ajuda financeira a partir de um pedido formal, a crise do euro continua em um impasse.
PIB
O PIB (Produto Interno Bruto) da zona do euro, que inclui os 17 principais países do bloco, ficou em -0,1% no primeiro quadrimestre de 2012, na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados hoje pela Eurostat, agência oficial de estatísticas da União Europeia.
Tiveram retração em relação ao 1º quadrimestre de 2011 os PIBs de República Tcheca (-1%), Grécia (-6,2%), Espanha (-0,4%), Itália (-1,3%), Chipre (-1,4%), Hungria (-1,5%), Holanda (-1,3%), Portugal (-2,2%), Eslovênia (-0,8%) e Reino Unido (-0,1%). O crescimento de 1,2% da Alemanha, segundo analistas, contribuiu para equilibrar a balança do bloco.