Segunda-feira, 7 de julho de 2025
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O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, anunciou nesta sexta-feira (27) a destituição do presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, de seu vice, Oriol Junqueras, e de todos os secretários regionais.

Além disso, dissolveu o Parlamento da comunidade autônoma e convocou eleições locais para o dia 21 de dezembro de 2017. As medidas foram tomadas no âmbito do artigo 155 da Constituição, cuja aplicação foi aprovada pelo Senado nesta sexta, e são uma resposta à declaração unilateral de independência feita pela Catalunha.

Segundo Rajoy, o objetivo do governo não é suspender a autonomia da região, mas sim devolvê-la à “normalidade”. A resposta de Madri já era esperada, principalmente depois de o Parlamento catalão ter aprovado a instituição de uma república independente e aberto um “processo constituinte”.

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“Não se trata de suspender o autogoverno nem de intervir nele, se trata simplesmente de devolvê-lo à normalidade o antes possível. A normalidade começa pela lei, por recuperar a legitimidade constitucional e por devolver a voz aos catalães”, declarou o primeiro-ministro.

Na visão de Rajoy e das instituições espanholas, o plebiscito separatista de 1º de outubro, que motivou a declaração de independência, é ilegal. Na ocasião, mais de 90% dos eleitores aprovaram a secessão, mas com uma participação inferior a 50% do eleitorado.

“É preciso usar os instrumentos pacíficos para recuperar a legalidade. Essa independência é triste e nos leva a ter medo”, acrescentou o premier. A destituição do governo catalão deve ampliar a fratura na sociedade espanhola, acirrada a cada movimento de ambos os lados da crise.

Agência Efe

Aplicação de lei que possibilita destituição do parlamento havia sido aprovada hoje

Aplicação de lei que possibilita destituição do parlamento havia sido aprovada hoje; as eleições estão marcadas para o dia 21 de dezembro

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Até o momento, Madri recusou todas as ofertas de diálogo feitas pela Catalunha, amparada pela posição da União Europeia e de seus Estados-membros de não reconhecer a declaração de independência. Também entre os catalães, há resistência contra o separatismo unilateral, como ficou claro nas palavras da prefeita de Barcelona, Ada Colau, que apoiara o plebiscito.

“Advertimos o perigo e trabalhamos em público e privado para evitar esse choque. Somos maioria, na Catalunha e na Espanha, os que querem que parem as máquinas, que se imponha o diálogo, a sensatez e uma solução acordada”, escreveu nas redes sociais.

A ativação do artigo 155 é fruto de um acordo do governo Rajoy com a oposição e prevê medidas excepcionais caso alguma comunidade autônoma, na visão de Madri, desrespeite a Constituição. Com a destituição dos líderes catalães, a administração regional será assumida pelos respectivos ministérios da Espanha.

O governo também decretou o fim das delegações diplomáticas abertas pela Generalitat em diversas cidades do mundo, como Nova York e Paris, e destituiu o diretor dos Mossos d'Esquadra, nome da força policial da região.

A intervenção só não atingirá a emissora pública catalã “TV3”, a rádio “Catalunya” e a Agência Catalã de Notícias, após o Senado ter aprovado uma emenda proposta pelo oposicionista Partido Socialista Operário Espanhol (Psoe) para evitar restrições à liberdade de imprensa.