O Exército dos Estados Unidos declarou, nesta sexta-feira (29/04), que o bombardeio a um hospital da organização humanitária MSF (Médicos Sem Fronteiras) no Afeganistão em 2015 foi um “erro” e não um crime de guerra, e que os soldados envolvidos não responderão criminalmente.
Agência Efe
Ataque a hospital da organização Médicos Sem Fronteiras em Kunduz no Afeganistão deixou 42 mortos e 37 feridos em 2015
Ao apresentar os resultados da investigação oficial no Pentágono, o general Joseph L. Votel afirmou que não houve “crime de guerra” pois o bombardeio ao hospital na cidade de Kunduz, que deixou 42 mortos, não foi um “ato intencional”.
“A investigação mostrou que o incidente resultou de uma combinação de erros humanos, erros de processo e falhas de equipamento, e que ninguém do pessoal sabia que estavam bombardeando um hospital”, afirmou.
De acordo com Votel, 16 membros do Exército – incluindo um general – receberão sanções militares, mas não responderão criminalmente. As punições incluem cartas de reprimenda, que poderiam encerrar a carreira dos oficiais envolvidos.
Segundo as investigações, a tripulação do avião confundiu o hospital da MSF com um local utilizado pelos talibãs que estava a 400 metros.
O bombardeio ao hospital da MSF ocorreu em 3 de outubro de 2015 durante campanha dos Estados Unidos no Afeganistão contra o grupo Talibã. Além de 42 mortes, o ataque deixou 37 feridos.
A entidade, na epoca, classificou o ataque como “brutal” e uma “grave violação da Lei Humanitária Internacional”.
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Médicos Sem Fronteiras
Em um comunicado, a MSF diz que examinará o informe norte-americano para determinar se a investigação responde às “muitas perguntas” que “permanecem” a respeito do ataque.
A organização afirma que não pode ficar “satisfeita” somente com uma investigação militar sobre o ataque em Kunduz.
“O pedido da MSF para uma investigação parcial e independente pela Comissão Internacional de Investigação Humanitária até agora não foi atendido”, diz a entidade.
De acordo com o comunicado, o hospital estava em pleno funcionamento durante os ataques aéreos. Além disso, diz que a investigação levada a cabo pelo Exército dos EUA confirma que não havia combatentes armados no prédio nem disparos vindos de seu interior.
Para a MSF, a resposta apresentada pelo Exército é “desproporcional” às consequências do bombardeio.
“As punições administrativas anunciadas pelos Estados Unidos hoje são desproporcionais à destruição de uma instalação médica protegida, com as mortes de 42 pessoas, com os ferimentos de dezenas, e com a total perda de serviços médicos vitais para centenas a milhares de pessoas”, diz.