Num gesto sem antecedentes na história dos Estados Unidos desde o término da guerra da Coréia, em julho de 1953, o governo nomeou um enviado especial para lidar com as relações com a Coréia do Norte: Stephen Bosworth, um veterano diplomata norte-americano e ex-embaixador na Coréia do Sul.
A notícia foi dada essa madrugada (20) pela secretária de Estado, Hillary Clinton, durante uma coletiva de imprensa em Seul, capital da Coréia do Sul. Bosworth, esclareceu Hillary, recebeu instruções precisas para trabalhar junto à Coréia do Sul, Japão e China, em busca da concretização de um diálogo com Pyongyang. O enviado, acrescentou Clinton, também deverá prestar atenção a temas como a “falta de respeito pelos direitos humanos na Coréia do Norte e assuntos humanitarios” e se reportará diretamente a Obama.
A secretária de Estado, porém, advertiu que as relações com os Estados Unidos e a Coréia do Norte não irão melhorar caso Pyongyang continue a ameaçar a Coréia do Sul, um dos mais importante aliados dos Estados Unidos na região.
“A Coréia do Norte não terá uma relação diferente com os Estados Unidos enquanto continuar a insultar e a recusar um diálogo [com a Coréia do Sul]”, afirmou Hillary, numa reunião com jornalistas que a acompanham na sua viagem pela Asia, que acaba amanhã na China, depois de passar pelo Japão e Indonésia.
Segundo a secretária de Estado norte-americana, os Estados Unidos querem que a Coréia do Norte deixe de se comportar como uma nação “provocadora” e abandone “uma guerra de palavras que não são muito frutificantes”.
No meio diplomático, Estados Unidos e Coréia do Norte não têm relações e se considera que ainda estão em guerra. Contudo, Obama manifestou durante a campanha eleitoral sua disposição para conversar com todos os “adversários” dos Estados Unidos. Não está claro se o diplomata norte-americano irá viver na Coréia do Norte e as autoridades norte-coreanas, por hora, não reagiram ao anúncio.
Fim da era Kim Jong Il
Nos últimos dias, fontes de inteligência do governo da Coréia do Sul anunciaram que o líder da Coréia do Norte, Kim Jong Il, estaria muito doente e o país estaria atravessando um processo de sucessão conturbado, caracterizado por certa confusão.
Na segunda-feira (16), a imprensa oficial na capital norte-coreana, Pyongyang, afirmou que as duas Coréias estão “à beira” de um conflito militar, mas não deram mais pormenores ou justificativas, exceto que “temos direito à conquista espacial”.
Segundo analistas, a frase seria um eufemismo para justificar o lançamento de um míssil nuclear experimental rumo ao mar do Japão. Segundo Hillary, um lançamento semelhante “não ajuda” um diálogo entre as Coréias e os Estados Unidos.
Funcionários da Coréia do Norte negaram nas últimas semanas que Kim Jong Il esteja doente, mas o certo é que ele não tem aparecido em público ultimamente e a veracidade de algumas fotografias de atividades públicas suas, divulgadas oficialmente, não puderam ser confirmadas de forma independente.
Recentemente, a agência de imprensa oficial de Pyongyang, a Noticias Centrais da Coréia, reafirmou em vários despachos a importância da sucessão por consanguinidade na presidência do país. Em 1994, Kim Jong Il herdou o poder de seu pai, o fundador da Coréia do Norte, Kim Il Sung.
Segundo versões de imprensa, Kim Jong Il tem três filhos: Kim Jong Nam, de 40 anos, Kim Jong Chul, de 29, e Kim Jong Un, de 20. O mais velho era o favorito para sucedê-lo, mas suas possibilidades foram anuladas quando as autoridades japoneses o prenderam no aeroporto de Tóquio em 2001, com um passaporte falso e a explicação de que queria visitar o parque da Disney, na capital japonesa.
Para a agência de noticias sul-coreana, Yonhap, Kim Jong Un seria o provável herdeiro de Kim Jong Il, principalmente depois que fontes do governo chinês confirmaram que ele aparece como candidato às “eleições” parlamentares do próximo dia 8 de março.
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