O governo da Rússia voltou a dizer, em resposta enviada por carta a Washington nesta quinta-feira (17/02), que os Estados Unidos ignoraram os pedidos de garantias de segurança feitas pelo Kremlin em relação a escalada de tensão na fronteira ucraniana.
Segundo o documento, divulgado na agência de notícias estatal Tass, os russos se dizem “prontos para o diálogo”, mas ressaltam que “as linhas vermelhas e os interesses estratégicos” do país nas questões de segurança “foram ignorados” pelos EUA desde dezembro do ano anterior, e que “isso é inaceitável”.
Ainda conforme Moscou, as respostas norte-americanas e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) “não são satisfatórias”. Por isso, os russos propuseram “uma nova equação da segurança” para tentar chegar a um acordo de paz.
A carta ainda acusa os EUA de não responderem sobre a retirada de armas nucleares e de parar o envio desse tipo de armamento para os países-membros da Otan que fazem fronteira com a Rússia. O Kremlin também voltou a pedir a retirada de todas as tropas mobilizadas da aliança militar no Leste Europeu.
“A Rússia deverá reagir, também através de medidas técnicas e militares, no caso da falta de disponibilidade dos Estados Unidos de discutir as garantias da própria segurança”, diz o documento.
Quase ao mesmo tempo em que os russos publicavam suas respostas sobre a crise ucraniana, o presidente dos EUA, Joe Biden, falava com jornalistas na Casa Branca e reafirmava que o suposto risco de invasão por parte de Moscou “continua muito elevado”.
The Presidential Press and Information Office
Rússia afirma que continua aberta ao diálogo e nega que invasão ao país vizinho
O mandatário reforçou novamente que acredita que um ataque pode ocorrer “nos próximos dias”, ressaltando que não prevê conversar novamente com Putin por telefone para debater a crise neste momento.
A mídia ocidental e a inteligência de Washington alegaram que Moscou lançaria uma ofensiva contra a Ucrânia entre os dias 15 e 16 de fevereiro, algo que não aconteceu. Agora, afirmam que a data é depois de 20 de fevereiro. Por sua vez, o Kremlin negou diversas vezes que tenha a intenção de invadir o território vizinho, pedindo que a Otan pare de expandir aos países do Leste Europeu e afirmando que a expansão ameaça seu território.
Nesta semana, o governo Putin comunicou o fim de manobras militares na Crimeia e, por consequência, a retirada de parte de seu contingente da península anexada à Rússia, onde a presença de soldados alimentou temores de uma invasão. O Kremlin também confirmou a retirada parcial de tropas russas da Belarus, que estavam realizando exercícios militantes em conjunto com o exército do país vizinho.
Mais cedo nesta quinta, a agência Tass informou que o vice-embaixador dos Estados Unidos na Rússia, Bart Gorman, foi expulso do país. Washington confirmou saída. Os norte-americanos teriam sido notificados durante uma visita do diplomata John Sullivan ao prédio do Ministério das Relações Exteriores de Moscou.
A missão diplomática norte-americana instou a Rússia, por sua vez, a “acabar com suas expulsões infundadas de diplomatas e funcionários dos EUA e a trabalhar de forma produtiva para reconstruir nossas missões”.
(*) Com Ansa e Sputniknews.