A LensCrafters, maior rede de ópticas dos Estados Unidos, foi acusada de negligenciar as queixas de assédio sexual feitas por um empregado. A companhia nega responsabilidade no caso, mas concordou em pagar 192,5 mil dólares para o técnico de laboratório William Sheard, de 28 anos, e prometeu promover um curso em suas unidades para prevenir o assédio sexual no trabalho.
A defesa de Sheard argumentou que o funcionário foi constantemente assediado pela colega Melissa Brandt para que os dois saíssem em encontros amorosos. O advogado disse que o gerente da loja onde o rapaz trabalhava — em Saginaw, Michigan — ignorou as queixas de Sheard porque se tratava de um homem acusando uma mulher.
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“As pessoas não acreditam que isso pode acontecer com um homem”, disse Sheard ao Huffington Post. “Elas pensam que todos os rapazes podem se livrar de uma situação como esta. Longe da verdade”, queixou-se.
Sheard começou a trabalhar na LensCrafters em 1998. Ele contou que, em 2006, Melissa se declarou pela primeira vez, ao dizer que queria ter um relacionamento, algo “mais do que platônico”. Segundo consta no processo, Sheard rejeitou a proposta. Desde então, ela começou a fazer referências ao ato sexual na frente do colega, falou abertamente sobre o corpo dele, acariciou seu peito e suas costas, dizendo que o amava e que queria ter relações sexuais com ele.
Durante uma festa em 2008, Melissa tentou colocar as mãos na virilha de Sheard diversas vezes. O incômodo foi tão grande que ele precisou ir embora do local. Após inúmeras rejeições, ela o acusou de abuso sexual. Depois, ela mesma admitiu que a denúncia era falta, de acordo com o processo. A justiça observou ainda que o gerente da LensCrafters imediatamente investigou a queixa de Melissa, enquanto ignorava as reclamações de Sheard.
Sheard procurou seus superiores várias vezes. Primeiro o gerente do laboratório, depois outros gerentes da hierarquia superiores da empresa. “Em vão”, contou o técnico. “As pessoas testemunharam. Ninguém queria fazer nada a respeito.”
Ele deixou a empresa em 2008, após o pai de Melissa ameaçá-lo durante o expediente por conta das acusações. Sheard disse que o caso lhe trouxe estresse e problemas de ansiedade. Depois de pedir demissão, o rapaz foi submetido a um tratamento psiquiátrico e começou a tomar remédios para a depressão.
Outro empecilho tem sido encontrar emprego como técnico de laboratório em ópticas, profissão na qual está desde os 18 anos, já que o grupo Luxottica, dono da LensCrafters, é também proprietário de outras redes de óptica. Apesar das dificuldades, Sheard diz sentir-se aliviado por estar fora da situação que enfrentou enquanto estava na empresa.
Melissa não quis comentar o assunto. A LensCrafters, por meio de comunicado, nega a acusação de que houve negligência diante de assédio sexual no trabalho e afirma que concorda em fazer um acordo com o ex-empregado para evitar maiores desgastes.
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