A ex-presidente autoproclamada da Bolívia Jeanine Áñez foi transferida na madrugada deste sábado (20/03) de prisão. Agora, a ex-senadora de direita está no Centro Penitenciário de Miraflores, na cidade de La Paz.
Áñez foi retirada da prisão de Obrajes, onde estava detida deste sábado (13/03) por seu envolvimento no golpe de Estado que forçou a renúncia do ex-mandatário Evo Morales, em novembro de 2019. A Justiça boliviana decretou quatro meses de prisão preventiva para a ex-presidente autoproclamada
Segundo autoridades bolivianas, a transferência atende a razões de segurança e para proteger a saúde da ex-senadora direitista.
À Rádio El Deber, o ministro da Justiça do país, Iván Lima, afirmou que a função da pasta é garantir os direitos de Áñez em equipamento e pessoal necessários para que ela receba a atenção correspondente ao seu estado de saúde.
Lima disse que, em conjunto com o Ministério da Saúde, “toda a infraestrutura médica está garantida, todos os equipamentos de tecnologia médica necessários estão habilitados” para prestar pronto atendimento à ex-presidente autoproclamada. Assim como, a permanência diária de três médicos e uma ambulância nas instalações de Miraflores.
“Infelizmente, temos uma situação de pandemia e uma situação de superlotação muito grave em Obrajes. Em Miraflores, há menos de 51 pessoas privadas de liberdade e os ambientes onde ela [Áñez] se encontrará são isolados do resto da população, portanto, já está garantido que todas as organizações de direitos humanos podem visitá-la e também a família”, disse.
Na sexta-feira (19/03), havia uma decisão de transferência de Áñez para uma clínica médica particular. No entanto, o Décimo juiz de Investigação Criminal, Armando Zeballos, revogou a saída da ex-presidente alegando que uma equipe de profissionais iria avaliar e verificar o estado de saúde da detenta.
Ricardo Carvallo Terán/ABI
Segundo autoridades bolivianas, a transferência atende a razões de segurança e para proteger a saúde da ex-senadora direitista
“Que neste momento, da verificação de antecedentes, fica evidente que os laudos médicos não referem que o arguido deva obrigatoriamente ser transferido para um posto de saúde, pelo que a avaliação exigida pelo recluso poderá ser efetuada no mesmo centro de Obrajes, já que não há restrição de médicos especialistas”, estabelece parte do ato judicial.
Ainda de acordo com a decisão, por conta da pandemia do novo coronavírus, uma possível transferência poderia expor Áñez ao vírus.
Prisão
A ex-presidente autoproclamada foi presa na madrugada de sábado (13/03). Áñez é acusada pelos crimes de terrorismo, conspiração e sedição devido aos eventos que levaram à saída de Evo. A ex-senadora de direita se autoproclamou presidente após o golpe, ordenou a repressão contra movimentos sociais e tentou adiar as eleições presidenciais em três ocasiões.
O pedido de prisão de Áñez havia sido emitido nesta sexta-feira (12/03), quando o Ministério Público do país entendeu que havia risco de “fuga ou obstrução”. Ainda no domingo (14/03), a Justiça boliviana decretou quatro meses de prisão preventiva para a ex-presidente autoproclamada e dois ex-ministros de seu governo, Álvaro Coimbra (Justiça) e Rodrigo Guzmán (Energia).
Além da ex-mandatária, os ex-ministros de seu governo Yerko Núñez, Arturo Murillo e Luis Fernando López também foram alvos de pedidos de prisão. Coímbra e Guzmán foram detidos na sexta-feira.
Golpe de Estado na Bolívia
Em novembro de 2019, mobilizações golpistas de extrema direita forçaram a renúncia do então presidente Evo Morales. O ex-mandatário teve que deixar o país e se asilou no México, depois na Argentina.
Durante o governo de Jeanine Áñez, foram registradas prisões arbitrárias de pelo menos 1.534 pessoas. Além disso, movimentos contra o governo golpista foram alvo de forte repressão policial que, muitas vezes, resultou em massacres, como os que ocorreram nas regiões de Senkata e Sacaba.
(*) Com ABI.