O juiz argentino Norberto Oyarbide ordenou, nesta terça-feira (15/05), a prisão do ex-representante da Fundação das Mães da Praça de Maio, Sergio Schoklender, acusado de associação ilegal, lavagem de dinheiro e má utilização de fundos públicos destinados à construção de casas populares.
A ordem foi dada após um depoimento realizado nesta manhã, por cerca de três horas. Antes de ingressar no tribunal, Schoklender afirmou à imprensa que responderia “tudo o que o juiz quisesse saber” e que as postergações da audiência se deviam à falta de provas que justificassem o processo.
“Cada vez que inventavam ou armavam alguma coisa, não dava certo”, defendeu-se o ex-representante da fundação, investigado desde junho do ano passado, após questionamentos de deputados opositores e da UIF (Unidade de Informação Financeira), sobre um possível desvio de fundos do projeto “Sueños Compartidos”.
Destinado à construção de moradias, hospitais e jardins de infância em diferentes regiões do país, o projeto é coordenado pela Fundação das Mães da Praça de Maio, que recebeu 765 milhões de pesos argentinos do governo, dos quais 25 milhões teriam sido desviados, segundo cálculos de um procurador consultado pelo jornal La Nación.
O juiz Oyarbide também ordenou a captura imediata e depoimento de Pablo Schoklender, irmão de Sergio, e de Alejandro Gotkin, contador da construtora dos irmãos, que teria sido favorecida por contratações sem licitação. Alejandra, filha da presidente da Associação das Mães, Hebe de Bonafini, também terá de depor.
Um mês antes do início das investigações, Schoklender deixou a Fundação, alegando fortes divergências quanto à condução financeira da entidade. Sua saída repercutiu em uma série de descobertas sobre as propriedades do ex-procurador, que iam de iates e um avião particular a extensões de terra no sul argentino.
Na ocasião, Hebe lamentou não “ter desconfiado mais” do representante, chamando-o de “caloteiro e traidor” e afirmou que os responsáveis pelos desvios de fundos da associação “irão para a prisão para sempre”.
Representadas pelo advogado Eduardo Barcesat, Bonafini e outras Mães da Praça de Maio acabaram denunciando os irmãos Schoklender. Ao todo, 26 pessoas estão sendo processadas. Sergio deve ser transferido para o complexo penitenciário de Ezeiza, na província de Buenos Aires.
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