O presidente francês, François Hollande, reconheceu nesta quinta-feira (20/12), durante visita oficial a Argel, capital da Argélia, que os 132 anos de colonização francesa no país norte-africano (1830-1962) foi de natureza “injusta” e “brutal”, e que infringiu sofrimento na população argelina.
Agência Efe
Fraçois Hollande é cumprimentado por multidão nas ruas de Argel
“Durante 132 anos, a Argélia foi submetida a um sistema profundamente injusto e brutal. Este sistema tem um nome: a colonização. Eu reconheço aqui os sofrimentos que a colonização infligiu ao povo argelino”, disse o presidente francês diante do Parlamento nacional do país, recebendo aplausos dos deputados argelinos.
O socialista não chegou a se desculpar pelo passado, mas reconheceu a ocorrência de dois massacres cometidos pelas tropas francesas durante a Guerra da Independência da Argélia (1954-1962), “que continuam ancoradas na consciência dos argelinos e também na dos franceses”.
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A primeira delas ocorreu em 8 de maio 1945, em Sétif, logo após a capitulação nazista e a libertação da Europa. “No mesmo dia em que o mundo derrotava a barbárie, a França ignorava seus valores universais”.
“Devemos dizer a verdade sobre as condições em que a Argélia se livrou do sistema colonial, sobre esta guerra que durante muito tempo não foi chamada pelo nome na França: a guerra da Argélia”.
Ele também destacou a necessidade de historiadores teres acesso a arquivos do governo e possibilitar ao mundo “conhecer a verdade”. “A paz da memória que eu aspiro reside no conhecimento e na divulgação da história (…) Respeitamos a memória, todas as memórias. Temos um dever de dizer a verdade sobre a violência, as injustiças, as matanças, a tortura”.
Hollande prometeu também melhorar o tratamento dado aos argelinos que tentam obter vistos para viajar a França. “Devemos controlar os fluxos migratórios, mas pedir um visto não deve virar uma corrida com obstáculos ou, pior ainda, uma humilhação”, declarou.
(*) com agências de notícias internacionais