O governo argentino apresentou no sábado (9) recursos de apelação contra duas medidas judiciais tomadas na sexta-feira (8) pela juíza María José Sarmiento, que decidiu manter no cargo o presidente do Banco Central Martín Redrado, apesar da destituição do funcionário pelo poder Executivo.
Sarmiento havia ordenado também a suspensão do decreto presidencial para criar um Fundo Bicentenário com dinheiro das reservas federais – estopim para a saída de Redrado. A juíza declarou que se sente ameaçada após a decisão, enquanto diversos setores governistas alertaram para o comportamento da oposição frente ao episódio. Em entrevista ao Pagina 12 o ex-presidente Néstor Kirchner afirmou existir uma “conspiração permanente”.
A figura da conspiração se fez presente ontem, quando Sarmiento evitou receber a apelação do governo, apesar de lhe ser correspondente, o que obrigou os advogados do Executivo a recorrer à Corte que habilitou a apresentação.
O chefe de gabinete, Aníbal Fernández, relatou que a magistrada os havia informado que o prazo para apresentar as apelações vencia hoje. “Quando chegamos o tribunal estava fechado, ela se negou a receber as apelações em casa e disse que deveríamos esperar até segunda-feira, mas assim os prazos venceriam”, explicou, segundo o La Jornada.
A juíza disse se tratar de um procedimento “anormal” a apelação à sentença emitida por ela na quinta-feira e criticou o fato de os advogados terem se dirigido à sua casa, o que qualificou de “pressão”.
Néstor
Em entrevista publicada hoje, Kirchner apontou como cabeças da “conspiração” o grupo Clarín e o vice-presidente, Julio Cobos, que já anunciou que irá concorrer à presidência. “Hector Magnetto [diretor do grupo Clarín] está utilizando sua estrutura midiática, que obteve através do tempo, para fazer um dano grandíssimo contra a Argentina”, afirmou.
“Nunca vi na história da democracia que alguém seja vice-presidente do governo e candidato a presidente do partido opositor”, disse. Cobos se afastou da UCR (União Cívica Radical) e chegou à vice-presidência em 2007 aliando-se com os Kirchner, mas rompeu a aliança em meados de 2008, quando votou contra o aumento das taxas a exportadores de soja. Cobos passou a exercer uma oposição dura, sem deixar o cargo.
Kirchner também criticou a postura de Redrado que, segundo ele, havia apoiado todas as medidas do governo, incluindo a decisão de cancelar a dívida com o FMI (Fundo Monetário Internacional) em 2005.
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