O governo colombiano e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) chegaram a um acordo para limpar de explosivos terrestres o território do conflito na Colômbia e retirar as minas da região.
O anúncio foi feito neste sábado (07/03) em entrevista coletiva da qual participaram representantes dos países fiadores do processo de paz, Cuba e Noruega, e equipes do governo colombiano e das FARC, lideradas por seus chefes negociadores Humberto de la Calle e “Ivan Márquez”, respectivamente.
Reprodução/Mine Free World Foundation
Minas e artefatos explosivos fizeram mais de 11 mil vítimas, entre mortos e feridos, na Colômbia desde 1990
“O objetivo do acordo é avançar na construção da confiança e a fim de contribuir para gerar condições de segurança para os moradores que se encontram em zonas de risco pela presença de minas”, relata o comunicado conjunto lido em Havana.
“A proposta de retirada de minas é um primeiro passo, mas um passo gigante rumo à paz, isto é uma prova de que estamos trabalhando na direção correta”, afirmou o chefe negociador do governo, Humberto de la Calle. A operação será coordenada pela Noruega.
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A Colômbia é, junto com o Afeganistão, o país mais afetado pelas minas antipessoais, que, desde 1990, fizeram mais de 11 mil vítimas, entre mortos e feridos no país, de acordo com dados do governo. Deste número, 40% corresponde a civis — 1.118 crianças morreram ou foram mutiladas pelos artefatos. Entre entidades de direitos humanos, costuma-se dizer que “cada mina neutralizada é uma vida humana preservada”.
Desafio “descomunal”
De acordo com Óscar Narrando, ministro colombiano do Pós-Conflito, o país enfrentará um desafio “descomunal” para retirar os explosivos e descontaminar territórios onde há presença de minas antipessoais e outros artefatos.
Agência Efe
Ex-vice-presidente Humberto de la Calle, negociador do governo, fala sobre o acordo com as FARC para retirada de minas
“Nós colombianos devemos reconhecer que temos aí uma tarefa, um desafio descomunal, que é um desafio que não admite demora”, afirmou Naranjo, após participar do “Diálogo de Cartagena”, reunião organizada pelo IISS (Instituto Internacional de Estudos Estratégicos), para analisar as relações transpacíficas.
Segundo Naranjo, general reformado da polícia, e membro da equipe negociadora de paz do governo, o acordo sobre a retirada de minas é “um avanço” como medida de redução da intensidade do conflito armado colombiano.
Aplausos da ONU
A ONU (Organização das Nações Unidas) aplaudiu o acordo sobre retirada das minas alcançado entre o governo colombiano e FARC.
Em comunicado, a organização destacou que a decisão é “a primeira estipulada” pelas partes para diminuir a intensidade do conflito armado, o que trará benefícios “quase imediatos” para a população.
“Terá um impacto quase imediato na melhora das condições de vida, de trabalho e de mobilidade de dezenas de milhares de colombianos que vivem nas zonas afetadas pelas minas antipessoais e outros explosivos remanescentes de guerra”, sublinham no texto.
(*) Com informações da Agência Efe