O governo de transição e a oposição tunisianos buscam uma saída política à atual situação de impasse após a renúncia do primeiro-ministro Mohamed Ghannouchi e dos ministros de Indústria, Aziz Chalabi, e Cooperação Internacional, Mohamed Nouri Jouini.
Fontes ligadas à oposição disseram que o governo de transição, liderado por Beji Caid Essebsi, chamou separadamente as diferentes forças políticas e sociais que compõem a oposição tunisiana, com o objeto de firmar um acordo para a redação de uma declaração programática e trabalhar no processo de reformas para a Tunísia.
Conforme indicaram as fontes, as consultas deveriam permitir que, até a próxima quarta-feira, o governo agora liderado por Beji Caid Essebsi emita essa declaração, na qual constariam algumas das principais demandas da oposição.
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Uma das reivindicações é o reconhecimento do denominado Alto Conselho para a Proteção da Revolução, que reúne cerca de 50 grupos sociais e políticos que apoiaram o movimento que derrubou, no dia 14 de janeiro, o presidente tunisiano, Zine El Abidine Ben Ali.
Além disso, a oposição reivindica o anúncio da formação de um Conselho Constituinte, que teria a missão de redigir uma nova Constituição para Tunísia e a convocação de eleições.
As forças opositoras e o governo não parecem ter muito claro que tipo de eleição deve ser convocada, pois enquanto algumas lideranças, como o Partido Democrático Progressista (PDP) defendem que elas sejam presidenciais, várias formações de esquerda se mostram indiferentes a respeito, já que consideram que a prioridade agora é a redação de uma nova carta magna, indicaram as fontes.
Um dado que, segundo alguns observadores, poderia dificultar o desenvolvimento das conversas é a própria imagem Essebsi., não aceito pela oposição.
Essebsi é um político de 85 anos de idade que, como ministro de Relações Exteriores, fez parte de uma das formações governamentais de seu pai, Habib Burghiba.
Além disso, a oposição afirma que o presidente interino da Tunísia, Fouad Mebazaa, não lhe consultou sobre a nomeação de Essebsi, substituto de Mohamed Ghannouchi, que renunciou no domingo após dois dias de duros confrontos na capital entre a polícia e grupos de manifestantes, que causaram cinco mortes e deixaram mais de 80 feridos, segundo dados oficiais.
De fato, o principal sindicato e uma das mais importantes forças da oposição do país, a União Geral de Trabalhadores da Tunísia (UGTT), já manifestou que não reconhece Essebsi como chefe do Executivo.
Tanto a UGTT, como o resto das forças sociais e políticas da oposição tunisiana consideram que a nomeação de Essebsi foi uma decisão unilateral de Mebazaa, e é rejeitada por eles.
Enquanto isso, o centro da capital tunisiana aparecia nesta segunda-feira praticamente deserto, com quase todos os pontos comerciais, bares e restaurantes fechados, e sem tráfego de veículos particulares e de pedestres.
Um forte dispositivo montado pela polícia e a Guarda Nacional tunisianas mantém praticamente bloqueada a avenida Burghiba, a principal via da capital da Tunísia.
Os agentes fazem registros de veículos particulares e pedestres para evitar que se repitam os incidentes do fim de semana passado, quando os choques entre manifestantes e as forças de segurança foram fortes, como prova o balanço oficial de vítimas.
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