O governo mexicano contestou o bloqueio de parte dos fundos de combate ao narcotráfico, determinado esta semana por iniciativa de um senador dos Estados Unidos. Ao rechaçar um informe sobre a situação dos direitos humanos no México, o democrata Patrick Leahy provocou o congelamento de 15% do orçamento de cerca de 100 milhões de dólares para a Iniciativa Mérida no país vizinho.
“O governo reconhece que ocasionalmente, e de maneira isolada, se apresentam situações que podem se qualificar ou catalogar como abuso de autoridade, violações aos direitos humanos ou abuso de poder”, afirmou ontem (7) em coletiva de imprensa a secretária de Relações Exteriores, Patricia Espinosa Cantellano.
Segundo ela, no entanto, “o Exército atuou de maneira correta nesta luta e empreendeu ações para fortalecer a capacitação de seus elementos no domínio dos direitos humanos”.
Não estão de acordo os senadores do PRD (Partido da Revolução Democrática), que argumentam, nas palavras do coordenador Carlos Navarrete, que existem provas de abusos e excessos cometidos por militares contra a população civil. Segundo ele, o presidente Felipe Calderón deve assumir os custos políticos de levar o Exército a combater o narcotráfico e permitir que fiquem impunes abusos e violações de direitos humanos cometidos por militares.
São muitos os relatórios de organizações internacionais de direitos humanos, começando por Anistia Internacional e Human Rights Watch, que denunciam graves violações de direitos humanos levadas a cabo sistematicamente pelo Exército mexicano.
Segundo a Anistia, desde 2006 a CNDH (Comissão Nacional para os Direitos Humanos) recebeu mais de 2.200 denúncias de abusos, entre eles desaparecimentos forçados, assassinatos e torturas.
“Dar dinheiro e recursos ao Exército mexicano sem um controle adequado sobre sua utilização e sobre os riscos pode contribuir para um aumento dos abusos”, declarou ontem Susan Lee, diretora da Anistia Internacional para as Américas. “O México claramente não está respeitando as condições estabelecidas pelo Congresso dos Estados Unidos para a transferência de dinheiro”.
Segundo a organização de direitos humanos, não só o México não está cumprindo com os parâmetros requeridos, como os relatos de violações seguem aumentando.
O tema é delicado e a política do governo é alvo de críticas cada vez mais intensas. O número de mortes relacionadas à violência dos cartéis aumenta a cada dia. Ontem, foram 33.
A Iniciativa Mérida é um plano internacional de segurança, administrado por Estados Unidos e México em acordo com países da América Central, para a luta contra o narcotráfico e a criminalidade. Foi posta em prática em 30 de junho de 2008 sob a presidência de George W. Bush. O plano prevê financiamento de 1,6 bilhão de dólares (não em dinheiro nem em armas) em três anos. Para o primeiro ano, o orçamento é de 400 milhões de dólares em equipamento e treinamento.
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