O Governo da Tailândia afirmou nesta quarta-feira (26/10) que algumas áreas de Bangcoc permanecerão inundadas por até um mês, porque a água superou os diques levantados no perímetro da cidade.
A advertência feita pela primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, elevou os alarmes na capital e aumentou o medo entre seus cerca de 12 milhões de habitantes.
Os supermercados de Bangcoc receberam uma avalanche de compradores dispostos a carregar todas as reservas possíveis. Há dias os alimentos de primeira necessidade, principalmente a água engarrafada, estão escassos.
Agência Efe
A televisão estatal informou que por causa da grande quantidade de consumidores, alguns comércios optaram por racionar a venda de alimentos básicos, sobretudo de arroz, que é parte fundamental da dieta tailandesa.
“Após examinar a situação, achamos que podemos ter o pior dos cenários por causa da ruptura dos diques e um fluxo maior de água do que esperamos”, disse a chefe do Governo em entrevista coletiva.
Yingluck afirmou que em Bangcoc, onde desemboca o rio Chao Praya, o nível de água chegará ao máximo de 1,5 metros em diversas áreas, incluída a região do principal distrito financeiro e comercial da metrópole.
“A gravidade das inundações vai depender da altitude de cada área da capital”, explicou a primeira-ministra.
Nos próximos dois ou três dias, algumas áreas de Bangcoc serão inundadas pela água de cor marrom misturada com lixo, que vem das 28 províncias alagadas em direção ao golfo da Tailândia. De acordo com especialistas, a maré alta ainda vai frear o curso da água em direção ao mar.
O governador da capital, Sukhumbhand Paribatra, alertou que a corrente de água do rio alcançou seu maior nível e superou muitas das defesas, por isso as áreas urbanas situadas nas margens ficarão inundadas.
O vice-almirante Niruth Hongprasert, especialista em hidrologia e assessor do Governo, afirmou que no final deste mês a corrente do rio será tão abundante que a maior parte dos diques irá ceder com a forte pressão de água.
Agência Efe
Este desastre, que já causou 377 mortos e obrigou mais de 113 mil pessoas a buscar refúgio em centros de ajuda improvisados, começou no final do julho com o transbordamento de rios e pântanos do norte e da região central, por causa das chuvas da monção.
O número de pessoas afetadas pelas inundações supera 2,5 milhões e pelo menos 700 mil receberam atendimento médico por causa de infecções e outras doenças contraídas no contato ou consumo de água contaminada.
No planalto central, considerado a terra mais fértil da Tailândia, as inundações transformaram centenas de aldeias agrícolas em ilhas nas quais seus habitantes vivem uma existência aquática e recorrem à pesca para poder comer.
O Executivo decretou desde esta quinta-feira (27) até o final do mês um período de férias extraordinárias em 20 províncias do país e em Bangcoc, para que seus habitantes possam enfrentar a situação.
“Toda Bangcoc vai ser inundada, mais ou menos. A realidade é que o tempo que dispúnhamos para tentar evitar esgotou” afirmou o diretor do centro de operações encarregado de proteger a capital, Pracha Prommok.
Um dia depois da chegada da inundação que forçou o fechamento do aeroporto de Don Muang, situado a cerca de 20 quilômetros de Bangcoc, as equipes de assistência retiraram nesta quarta-feira cerca de 4 mil tailandeses que estavam abrigados nos terminais.
A uma distância pequena do aeroporto e com medidas de segurança rigorosas, centenas de presos foram retirados da prisão de segurança máxima de Bang Kwang, a maior do país.
Agência Efe
O esvaziamento de Bang Kwang, reservada para réus condenados à pena de morte ou cadeia perpétua, foi decidida pela direção por temor de que a alta do nível da água isole o recinto carcerário e danifique seu sistema de segurança.
O diretor-geral de Instituições Penitenciárias, Suchart Wongsanatchai, disse à televisão estatal que a prisão abriga cerca de 20 mil réus tailandeses e de outras nacionalidades, e que estudavam transferir a totalidade de sua população a outras prisões.
Bangcoc é responsável por 41% do PIB (Produto Interno Bruto) do país e possui cerca de 14 mil empresas. Entre elas, 9 mil fábricas se viram obrigadas a fechar pelo impacto das inundações.
Nas áreas inundadas, equipes de emergência distribuem alimentos e artigos de primeira necessidade usando barcas ou helicópteros, enquanto em muitos mosteiros budistas os monges recebem desabrigados e em alguns casos até centenas de animais domésticos perdidos ou abandonados.
Enquanto isso, em Ayuthaya, província próxima a Bangcoc, continua a caçada pelos crocodilos que escaparam de várias fazendas de criação. Foi oferecida uma recompensa por cada exemplar capturado, vivo ou morto.
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