O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta segunda-feira (11/07) a criação de um plano destinado a combater a crise gerada pela escassez de produtos básicos que afeta a população do país.
Segundo um comunicado da Presidência, o objetivo do plano é fazer frente aos “fenômenos especulativos que promovem o desabastecimento no país”.
A Venezuela enfrenta há mais de dois anos uma crise econômica, resultado de fatores como a queda do preço do petróleo, a dependência de itens importados e o acirramento da disputa entre forças governistas e de oposição, que o governo de Maduro qualifica como uma “guerra econômica e política” de setores de direita.
Agência Efe
Nicolás Maduro anuncia plano para tentar combater escassez de alimentos
Um dos principais reflexos da crise tem sido a falta de produtos básicos, como alimentos e remédios, que tem gerado filas em supermercados e motivado saques em estabelecimentos comerciais.
De acordo com dados do FMI (Fundo Monetário Internacional), a Venezuela tem hoje a pior taxa de crescimento negativo do mundo (-8%), enquanto o índice de inflação é de 482%.
A chamada “Grande missão de abastecimento soberano e seguro” foi anunciada por Maduro durante reunião do Conselho de Ministros no Palácio Miraflores, transmitida em rádio e televisão.
“Por que abastecimento soberano? Porque só do nosso esforço venezuelano é que vão se estabilizar os assuntos econômicos do país e da família venezuelana”, disse Maduro. De acordo com ele, os três “motores” do plano serão os setores agroalimentar, farmacêutico e industrial.
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Coordenado pelo ministro da Defesa, o general Vladimir Padrino, o plano focará em produção, logística e distribuição; novos processos de comercialização, sistema de custos e rendimento; consolidação da organização produtiva, segurança e defesa integral; e investigação, desenvolvimento e substituição das importações.
“É uma grande operação para ganhar a guerra não-convencional e a guerra econômica”, afirmou o presidente.
O programa é parte do Decreto de Emergência Econômica aprovado por Maduro no início deste ano. Á época, o ministro da Economia Produtiva, Luis Salas, disse que o objetivo da medida era “diminuir os efeitos da inflação induzida, da especulação, do valor fictício da moeda, da sabotagem aos sistemas de distribuição de bens e serviços, assim como resistir às consequências da guerra dos preços do petróleo”.
Segundo Maduro, a expectativa é de que nos próximos seis meses a missão resulte em melhorias na economia do país, especialmente na questão do abastecimento de produtos básicos.
Do lado da oposição, o economista e deputado José Guerra afirmou em matéria publicada no site da MUD (Mesa da Unidade Democrática), que reúne partidos de oposição a Maduro, que o plano é “um ensaio destinado ao fracasso”. Segundo ele, o problema do país não está na distribuição de alimentos, e sim em sua produção. “Há dez milhões de toneladas diárias em déficit de alimentos”, disse.
Já Henrique Capriles, um dos líderes da MUD, criticou a escolha do ministro da Defesa para coordenar o plano. “O que Padrino sabe de economia produtiva, gerar empregos, inflação? É só ver a situação de crise dentro da própria FANB [Forças Armadas da Venezuela]”, escreveu em seu perfil no Twitter.
Qué sabe Padrino de economía productiva,generar empleos,inflación?Nada!Solo ver la situación de crisis dentro de la propia FANB!
— Henrique Capriles R. (@hcapriles) 12 de julho de 2016