Na opinião de árabes e descendentes que vivem no Brasil, um cessar-fogo entre Israel e o grupo palestino Hamas, se formalizado, não será o bastante para arrefecer as tensões entre israelenses e palestinos. Para eles, o problema reside em seguidas décadas de hostilidades entre os dois povos, que ocupam um espaço de cerca de 20 mil quilômetros quadrados no coração do mundo árabe, oito vezes menor que o Uruguai e do mesmo tamanho do estado de Sergipe.
Para o sociólogo e arabista Leyeune Mirhan, é necessário abrir um canal de diálogo entre Israel e o Hamas, “grupo que tem legitimidade e deve ser reconhecido”.
Mirhan acredita que o Brasil pode ajudar nas negociações, já que foi uma das poucas chancelarias a emitir nota durante os primeiros dias do conflito, ainda que timidamente, na opinião dele.
O sociólogo acredita que o posicionamento dos países em relação aos ataques é reflexo da correlação de forças existentes no mundo hoje. “A França está fazendo jogo duplo e a Europa está em cima do muro. Ser contra Israel significa ser contra os Estados Unidos”.
De acordo com Mirhan, a ONU (Organização das Nações Unidas) é uma instituição que não cumpre mais seu papel. “Desde 2003, quando o Iraque foi invadido unilateralmente, a [existência da] organização perdeu sentido”. Ele considera uma “instituição de fachada” o Conselho de Segurança, controlado por cinco países que detêm poder de veto: Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, China e Rússia.
A descrença de que a organização possa impedir os ataques israelenses é compartilhada pelo secretário-geral da Federação Palestina do Brasil, Emir Mourad. “A única resolução cumprida por Israel, desde 1948, foi a formalização de seu ingresso na ONU”. Segundo ele, só a pressão popular pode levar a uma trégua. “Frente ao ataque de Israel, não só o mundo árabe, mas também toda a comunidade internacional está se unindo para expressar sua preocupação e pedir um cessar-fogo imediato”.
Desde o começo da ofensiva israelense, dezenas de protestos foram promovidos ao redor do mundo, alguns envolvendo dezenas de milhares de pessoas. No Brasil, as manifestações são menores, como esta realizada semana passada no Brás, zona central de São Paulo. O Opera Mundi estava presente e produziu uma galeria de fotos e um vídeo.
Saiba o que pensam alguns judeus que moram no Brasil.
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