Pelo menos 30 caminhões e 45 contêineres de batatas congeladas provenientes da Argentina, que seriam enviadas a redes de fast-food instaladas no Brasil como o Mc Donald’s e o Burger King, estão parados na fronteira entre os dois países. A fábrica argentina da canadense McCain Foods anunciou nesta segunda-feira (21/05) que sua produção ficará paralisada até a liberação do envio.
“Se isso não se resolver, é provável que tenhamos que tomar alguma medida de suspensão dos funcionários. Nossos produtos são conservados a uma temperatura abaixo de zero e os armazéns se enchem rapidamente”, afirmou a Opera Mundi Claudio Ribero, gerente de Recursos Humanos da McCain Argentina, fornecedora de grandes redes de fast-food instaladas no Brasil.
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Batatas são enviadas para redes de fast-food como Mc Donald's e Burger King
Segundo ele, 70% das cerca de 180 mil toneladas de batata processadas anualmente pela fábrica argentina são exportadas ao Brasil. “Nossa planta é pensada para o mercado brasileiro. Na última sexta-feira (18), tomamos conhecimento desta medida e de que nossos produtos não puderam ser despachados, o que significa um freio imediato na produção”, explica Ribero.
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Além das batatas preparadas para fritura, produtos argentinos como maçãs, trigo, uvas passas, lácteos e vinhos também encontram dificuldades para ingressar no Brasil. A medida é mais um episódio da disputa comercial entre os países pelo aumento das restrições às importações impostas pela Argentina nos últimos meses.
Desde fevereiro, os empresários devem solicitar autorização à secretaria de Comércio do país para cada item que quiserem importar. Somente no mês passado, a exportação de produtos brasileiros à Argentina sofreu uma redução de 20% em relação a abril de 2011.
Após meses de negociações, o governo brasileiro respondeu às restrições alfandegárias argentinas com a aplicação de licenças não automáticas para produtos oriundos do país.
“Nós não temos muito o que fazer”, lamenta Ribero, “este é um problema de política internacional que tem que ser negociado entre os dois países, não é um problema entre clientes e exportadores”, afirma ele. Além da McCain, a fábrica argentina da produtora holandesa Farm Frites, fornecedora da rede Burger King, registrou problemas similares para o envio de batatas congeladas ao Brasil.
A expectativa é que a liberação dos produtos seja autorizada nos próximos dias, já que há temor em relação ao impacto da medida nas fábricas argentinas, segundo o gerente da McCain. “Quando as redes [de fast-food] têm algum conflito, eles geralmente recorrem à Europa para se abastecer. Essa é a nossa preocupação, porque quando há alternativas de fornecimento, além de perder a venda pontual, podemos perder o cliente”, diz.
Segundo a empresa, a situação foi levada à representação diplomática do Canadá na Argentina. Procurada por Opera Mundi, a administração do Mc Donald’s afirmou que “a empresa tem um estoque suficiente para não trazer prejuízo” aos clientes enquanto a situação é resolvida. A rede afirma ainda que “já está tomando as devidas providências para evitar o desabastecimento” nas lanchonetes brasileiras.
O Burger King, que compra batatas da Farm Frites e de outros fornecedores argentinos, afirma que mantém um estoque de produtos “compatível com a demanda local”. “Caso as medidas de restrição que impactam a importação de batatas da Argentina se prolonguem, iremos utilizar outras fontes de fornecimento de batatas, garantindo a qualidade e a disponibilidade dos nossos produtos aos nossos consumidores”, esclarece a empresa.