A oposição haitiana rejeitou o plano acordado entre o presidente do Haiti, Michel Martelly, e a Assembleia Nacional do país nesta terça-feira (02/02) que estabelece um governo provisório após a saída de Martelly do governo, no próximo domingo (07/02).
Martelly, que havia dito que não deixaria o poder no domingo por não haver quem o sucedesse, concordou com o novo plano, que estabelece sua substituição por um primeiro-ministro interino até que sejam realizadas novas eleições, agora marcadas para o dia 24 de abril. A oposição, porém, descarta a possibilidade de um governo provisório implementado pelo atual presidente.
Agência Efe
Protesto pedia a renúncia do presidente Michel Martelly
De acordo com a proposta elaborada por Martelly e por líderes parlamentares, o primeiro-ministro Evans Paul deve renunciar e ser substituído por um candidato aprovado pelo Parlamento, disse o deputado governista Gary Bodeau à Reuters. O novo primeiro-ministro iria governar em conjunto com um conselho de ministros após a saída de Martelly e até as novas eleições, com a posse do presidente eleito programada para o dia 14 de maio.
O partido do candidato opositor à Presidência, Jude Celestin, e outros grupos de oposição, no entanto, querem que o governo provisório seja estabelecido pela Suprema Corte haitiana. “Nós rejeitamos a atual iniciativa de Martelly e do Parlamento. É uma piada”, declarou Samuel Madistin, porta-voz de um grupo formado por oito partidos de oposição.
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O senador governista Carl Murat Cantave afirmou que Martelly propôs três nomes para chefiar o governo provisório: Paul, o empresário Reynold Deeb e o senador Andris Riche. “Eles são aliados de Martelly e nós não os queremos. Essa iniciativa é nula”, disse Volcy Assad, do partido Petit Desalin, um dos organizadores dos protestos que têm tomado as ruas do país nas últimas semanas.
A oposição afirma que as eleições não podem ser organizadas sob Martelly ou um governo provisório estabelecido por ele.
Crise política
No primeiro turno das eleições presidenciais do Haiti, realizadas em outubro do ano passado, o candidato Jovenel Moise – apoiado por Martelly – foi o mais votado, com 32% dos votos, seguido do candidato da oposição, Jude Celestin, que obteve 25% dos votos.
Celestin, junto com outros sete candidatos de oposição, alegou que houve fraude no pleito e se recusou a participar do segundo turno. Assim, a segunda votação foi adiada duas vezes e acabou não acontecendo.
A população saiu às ruas em apoio aos seus respectivos candidatos, gerando protestos violentos. Alguns chegaram a pedir a renúncia do presidente Martelly e foram duramente reprimidos pela polícia.
Diante disso, o governo haitiano pediu a intervenção da OEA (Organização de Estados Americanos) e um aconselhamento da Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos).
Andes
Delegação do Celac se reuniu na segunda-feira (01/02)