No dia 20 de maio de 1506, morre em Valladolid o navegador Cristóvão Colombo. Com apenas 55 anos, partiria cercado de riquezas, mas, por sua vez, quase cego, convencido sempre de ter alcançado a Ásia e sem tem compreendido o verdadeiro alcance de suas viagens.
A rainha Isabel a Católica, que favoreceu Colombo desde o começo de sua aventura, morre no final de novembro de 1504, menos de um mês após o retorno do “Almirante do Mar Oceano”. Colombo ficou bastante afetado pelo falecimento da soberana. O rei Fernando, então em guerra, se desinteressou do aventureiro.
Ficou amargurado e frustrado pela perda de parte de seus privilégios. Doente e debilitado, parte para Sevilha, onde morou em uma casa alugada da paróquia de Santa Maria. Ali viveu só, esquecido pelos contemporâneos, abandonado pela maioria dos companheiros de aventura que enriqueceram graças a ele.
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Os direitos que alcançou com suas descobertas foram enormes. Em Santo Domingo, seu homem de confiança, Carvajal, vigia suas posses e guarda as receitas. Durante, pelo menos, duas gerações, os herdeiros de Colombo viveriam na opulência.
Um de seus filhos, Diego, entra na corte com 24 anos. Ex-pagem, depois guarda da rainha e, por fim, guarda do rei, torna-se um hábil cortesão representando seu falecido pai na corte. Em 1508, casa-se com Maria de Toledo y Rojas, filha de Fernando de Toledo, sobrinho do duque de Alba, um dos Grandes de Espanha.
Em maio de 1505, Colombo viaja por 500 quilômetros, de Sevilha a Segovia, em uma mula, para uma audiência com o rei obtida pelo filho. Não consegue do rei o cumprimento das promessas que lhe haviam sido feitas. Conserva apenas o título honorífico de “Almirante do Mar Oceano”.
No final de abril de 1506, a saúde de Colombo se agrava. A gota e a artrite o fazem sofrer. Ele é então levado de Segovia a Valladolid. A sua cabeceira estavam somente seus dois filhos, Diego e Fernando, e seus irmãos Bartolomeo e Diego, bem como monges franciscanos dos conventos vizinhos. Morre no dia da Ascensão, murmurando: “Na tua mão, Senhor, coloco minha alma”.
O velório é celebrado na catedral de Valladolid, Santa Maria Antigua. Em seguida, é enterrado pelos franciscanos no convento da Observância. Ninguém da corte assiste à cerimônia. O historiógrafo oficial da coroa, Pierre d'Anghierra, sequer menciona a morte de Colombo, que tampouco é registrada no registro oficial da cidade.
Colombo, que proporcionara à Espanha enormes territórios nunca antes sonhados, teve a morte esquecida porque dele já não mais precisavam. Duas semanas depois, o rei Fernando, que nunca demonstrou simpatia pelo navegador genovês, restitui a Diego o ouro, as joias e todas as riquezas e objetos que pertenceram a seu pai.
Em 1513, seus restos são transferidos do convento dos franciscanos de Valladolid a Sevilha, graças a sua nora, Marie de Tolède, sobrinha do rei. Ao final de uma cerimônia na catedral de Sevilha, os restos mortais do Almirante são depositados na Cartuxa de Santa Maria de las Cuevas, à margem direita do rio Guadalquivir.
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Em sua obra Vida e Viagens de Cristóvão Colombo, publicada em Paris em 1862, Roselly de Lorgues indica que o ataúde fora depositado na capela de Cristo, que o frei Diego de Lugan acabara de construir. Em 1526, os restos de seu filho Diego são também colocados na Cartuxa.
Em 1536, o corpo de Colombo atravessa o Oceano Atlântico e acaba em Santo Domingo. Sua última vontade era de repousar nesta ilha. O caixão é depositado na catedral local, recém construída.
Começa-se a reconhecer o mérito de Colombo de ter proporcionado à Espanha todo um continente, permitindo a esse país tornar-se o mais poderoso do mundo durante um breve período histórico. Não dizia o imperador Carlos V que o sol não se punha jamais em seu império?
Contudo, em seguida, o Almirante cai no esquecimento a ponto de ninguém saber ao certo onde estava enterrado. Em 1899, após a guerra Hispano-Americana, que disputava Cuba, os presumíveis restos de Colombo que, a priori, estavam enterrados em algum lugar do Caribe, são levados a Sevilha.
Em 1902, um monumento é dedicado a Colombo na catedral de Sevilha onde, atrás do coro, já repousava seu filho, Fernando. No entanto, se havia certeza da autenticidade dos espólios de Fernando, o mesmo não ocorria com os de seu pai, conservados numa pequena urna.
A República Dominicana, por exemplo, continua a reivindicar, com orgulho, que tem a honra de ser o verdadeiro abrigo dos restos do ilustre navegador. Não é por menos que há um local conhecido como Farol de Colombo.
Também nesse dia:
1873 – 'Blue jeans' é patenteado por Levi Strauss e Jacob Davis
1498 – Vasco de Gama chega à Índia
1888 – Pasteur apresenta o resultado de suas investigações sobre a raiva
1902 – É criada uma república em Cuba pelo governo militar norte-americano
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