“Os Sábios” (The Wise Men) era um grupo constituído ex-funcionários do governo e membros do establishment de política internacional da Costa Leste que, começando nos anos 1940, desenvolveram a política de contenção ao tratar com o bloco socialista e trabalharam instituições e iniciativas como a OTAN, o Banco Mundial e o Plano Marshall. Personificariam um ideal de arte de governar, marcada pelo não-partidarismo, internacionalismo pragmático, realismo e aversão ao fervor ideológico.
“Os Sábios” foram personagens de um livro de autoria de Walter Isaacson e Evan Thomas, publicado em 1986. Os principais nomes citados foram: o ex-Secretário de Estado Dean Acheson, os embaixadores Charles Bohlen, Averell Harriman e George Kennan, mais Robert Lovett e John McCloy.
Esses seis amigos se juntaram quando Harry Truman tornou-se presidente dos Estados Unidos em 1945 e ajudaram a criar uma política externa bipartidária, baseada na resistência à expansão do poder da União Soviética. Após terem se aposentado, os seis mais um grupo de auxiliares foram convocados pelo presidente Lyndon Johnson.
Johnson pediu ser aconselhado de como unir o país em torno do esforço de guerra no Vietnã. Em 2 de novembro de 1967 reuniram-se com o presidente: Dean Acheson, George Ball, general Omar Bradley, George Bundy, Clark Clifford, Arthur Dean, Douglas Dillon, Abe Fortas, Averell Harriman, Henry Cabot Lodge, Robert Murphy e o general Maxwell Taylor. Abrindo a reunião, os generais Wheeler e Carver deram um informe sobre o Vietnã, afirmando que estavam sendo feitos grandes progressos.
Havia unanimidade em que os Estados Unidos deveriam permanecer no Vietnã. No entanto, reconheceram que o volume de baixas estava erodindo o apoio interno. Recomendaram aos generais Westmoreland e Bunker que enfatizassem que “havia luz no fim do túnel”. Bundy relatou ao presidente que “o descontentamento público não era amplo nem profundo”.
Chegaram à conclusão que o governo precisava oferecer “informações aos meios de comunicação de que de fato havia luz no fim do túnel e que relatos mais otimistas deveriam ser publicados”. Com a concordância de Johnson, o comandante-em-chefe das forças norte-americanas em Saigon general William Westmoreland passou a pintar um quadro mais positivo da situação no Vietnã do Sul.
Movimento antiguerra
No começo de 1968, a dúvida voltou a atormentar Johnson e Westmoreland quando o Vietcong e o Vietnã do Norte lançaram um grande ataque-surpresa em 30 de janeiro, o começo do Ano Novo Tet. Aturdido pelo objetivo e amplitude do ataque e após Washington ter pintado um quadro muito favorável do progresso de suas tropas, muitos norte-americanos começaram a questionar a credibilidade do presidente e o sentimento antiguerra começou a ganhar as ruas.
Contudo, em 25 de março de 1968, o mesmo grupo, acrescido do general Matthew Ridgway e do Secretário de Estado Cyrus Vance, mudou de opinião. O general Westmoreland havia comunicado ao Departamento de Estado, ao Departamento de Defesa e à CIA que necessitava de tropas adicionais na esteira da Ofensiva Tet do exército do Vietnã do Norte e do Vietcong. Com exceção do general Taylor, de Robert Murphy e de Abe Fortas, as recomendações dos “Sábios” eram de que “não podemos mais cumprir a tarefa a que nos propusemos e precisamos tomar medidas para o desengajamento”.
Como os anos de Guerra pareciam não acabar nunca, mais e mais soldados norte-americanos voltavam para casa dentro de caixões e cobertos pela bandeira, a opinião pública começou a questionar e se mobilizar. E ficou horrorizada quando as tropas estadunidenses passaram a cometer horríveis chacinas e a lançar o temível desfolhante laranja.
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