Embora seja um dos herbicidas menos tóxicos em uso atualmente, o glifosato pode afetar a saúde das pessoas se não for manejado com o devido cuidado, segundo o professor Pedro Jacob Christoffoleti, do Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP.
Ele explica que, na classificação brasileira, o glifosato tem toxicidade de nível 4, a mais baixa entre os produtos químicos. “Ele é muito usado por ser um produto de custo relativamente baixo e extremamente eficaz no manejo de ervas daninhas, além de ter baixa toxicidade para mamíferos”, diz ele.
“Não que não tenha efeito tóxico ou ambiental”, pondera o professor. “Ele tem um certo grau de periculosidade na sua aplicação. Por isso os aplicadores têm que utilizar equipamento de proteção individual: luvas, botas, máscaras, óculos e vestimenta adequada”.
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O glifosato é o herbicida mais usado atualmente em todo o mundo, e o seu uso no Brasil tem aumentado muito com a introdução da soja transgênica, geneticamente modificada para resistir ao herbicida, explica Christoffoleti. “Mas ele também é usado nas áreas de plantio direto para limpar o terreno sem revolver o solo, e nas plantações de cana-de-açúcar para controlar o mato que cresce em volta”.
O glifosato interrompe a produção de aminoácidos dos vegetais, fazendo com que todas as plantas que forem atingidas por ele “sequem” e morram.
No Brasil, diz o professor, não tem havido muitos problemas com a aplicação do produto. “Existem inúmeros estudos científicos que mostram que se usado dentro da boa prática agrícola e nas doses recomendadas, o produto não deixa resíduos no solo e nem na soja”.
Já no caso das fumigações aéreas na Colômbia, a história é diferente. Jacob alerta que o glifosato jamais deveria entrar em contato direto com pessoas. “O grande problema na Colômbia é que a aplicação pode atingir pessoas diretamente. Não é recomendável, absolutamente, que alguém receba diretamente essa pulverização, porque ela é tóxica. Por isso, não se pode fazer pulverização por avião onde tenha gente nem animais. A recomendação que fazemos é que se tire todos os animais da área a ser pulverizada”.
Outra questão polêmica diz respeito à concentração. A própria agência ambiental dos Estados Unidos recomenda uma concentração de 1% de herbicida e 99% de água. Mas um estudo realizado em 2004 pelo médico espanhol Adolfo Maldonado para a Defensoria Pública do Equador detectou uma concentração de 26% de glifosato.
Além disso, a mistura – chamada Roundup Ultra e fabricada pela Monstanto – ainda é misturada a outros químicos. Ao longo de dois anos, Maldonado estudou um grupo de 47 mulheres residentes próximas à fronteira com a Colômbia e encontrou efeitos de intoxicação em todas elas.
Contactada, a Monsanto alegou que o glifosato é “uma das moléculas herbicidas mais estudadas mundialmente em termos de segurança ambiental e saúde humana e possui uma das maiores bases de dados solicitadas a respeito de pesticidas, que concluíram que o glifosato não possui propriedades carcinogênicas, mutagênicas, teratogênicas ou que causem qualquer problema reprodutivo”.
A empresa disse também que, quando utilizado de acordo com as recomendações de bula, o glifosato não representa risco à saúde humana ou ao meio ambiente. “O glifosato degrada-se naturalmente no solo após a aplicação, evitando a contaminação de lençóis freáticos. Nos Estados Unidos e em outros países, tem uso permitido para jardinagem doméstica tamanhas suas condições de segurança”.
Atualizada às 15h49 do dia 21/8.
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