Os indignados espanhóis voltam às ruas nesta quarta-feira (15/05) para manter viva a chama do Movimento 15-M, que há dois anos protesta contra a condução da crise econômica europeia. Desde o dia 15 de maio de 2011, quando milhares fizeram da Puerta del Sol, em Madri, o epicentro da ebulição ibérica contra as políticas de austeridade, o país vive tempos de turbulência, frustrações e desesperança.
As ações do Movimento 15-M, mesmo que palpáveis, ainda não conseguiram inverter o cenário político que contribui para a curva descendente da economia espanhola. No primeiro trimestre de 2011, período em que o movimento dava seus primeiros passos, o número de desempregados espanhóis havia mais que dobrado em apenas três anos – um salto de 2,1 milhões, em 2008, para 4,9 milhões de pessoas sem trabalho. A situação desde então só se deteriorou.
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Manifestantes do 15-M em 2011, na cidade de Barcelona
Segundo dados do INE (Instituto Nacional de Estatística da Espanha), o total de pessoas sem trabalho no primeiro trimestre de 2013 atingiu a marca histórica de 6,2 milhões. A saída, para muitos, foi emigrar para a Alemanha – o espanhol é um dos idiomas mais ouvidos nos vagões do metrô de Berlim – e para países da América do Sul, em busca de oportunidades. Segundo o governo espanhol, não há perspectivas de recuperação econômica pelos próximos três anos.
O estopim dessa explosão de desemprego foi a crise bancária de 2008, que levou à Espanha a quebra de bancos como o Bankia, o quarto maior do país, que pagava bônus de milhões de euros para seus diretores. A resposta foi tapar o buraco com dinheiro da troika, que aplicou severas medidas de austeridade.
Até ontem, mais de 20 cidades espanholas já contavam com novas ocupações para o 15-M, sustentando as mesmas bandeiras dos protestos embrionários: apartidarismo, participação política, anticapitalismo e antiausteridade. A diferença, segundo reportagens da imprensa espanhola, é que o movimento deixou de ser uma massa disforme para apresentar demandas pontuais que afetem o governo como um todo.
O movimento abriu discussões para mudanças nas leis de transparência governamental, eleitoral e de hipotecas, além de trabalhar diretamente na prevenção de despejos – o terror dos espanhóis que foram à bancarrota com a crise – por meio da PAH (Plataforma de Afetados pela Hipoteca), que proclama: “Salvem as pessoas, não os bancos”. Segundo estimativas, desde 2007, ano pré-crise, até hoje, 170 mil despejos levaram a centenas de casos de suicídio.
Os protestos desta quarta-feira ordenam que o sistema seja “desmascarado” para estimular a transição entre a indignação e a rebelião. O histórico mostra que a reação da polícia, assim como ocorreu na Grécia, outro país sob o jugo da troika, será forte o bastante para ganhar as manchetes pelo mundo, como fez o 15-M há dois anos, em 2011.
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