O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou nesta quinta-feira (17/05) que o Brasil apóia um diálogo com o presidente sírio Bashar al Assad, que vise ao fim dos conflitos entre governo e oposição no país árabe. “Há extremismo, violência, mas consideramos que o diálogo é fundamental. Muitos líderes que pediram a saída imediata de Assad, hoje, de maneira mais realista, acham que um governo democrático exige uma transição. […] Em situações como essa, temos que analisar alternativas”, afirmou o chanceler durante sabatina promovida pelo jornal Folha de S.Paulo, em parceria com o UOL, na região central da capital paulista.
Ainda de acordo com Patriota, o governo de Assad possui armas de destruição de massa, o que impossibilitaria qualquer tipo de intervenção militar. “Um conflito seria catastrófico”, disse.
Para o chanceler, o plano de paz proposto pelo enviado especial da ONU (Organização das Nações Unidas) e da Liga Árabe, Kofi Annan, ainda é o caminho por meio do qual o Brasil acredita que o conflito, que já dura mais de um ano, pode ser resolvido. “O que queremos é interromper o ciclo de violência, dar espaço ao diálogo. O plano [de Annan] é uma aposta na qual ainda vale a pena acreditar, por enquanto. Esperamos que, com os cerca de 300 observadores militares, a situação possa se estabilizar”, completou o chanceler.
América Latina
Ainda durante a sabatina, que durou pouco mais de uma hora, o ministro brasileiro destacou a posição do país em relação ao recente conflito entre Argentina e Inglaterra por conta da soberania das Ilhas Malvinas. “Apoiamos plenamente a soberania da Argentina nas Malvinas e defendemos que seja seguido o que é previsto pela ONU no que diz respeito à descolonização. As Malvinas se enquadram nesse caso e é necessário que o tema seja discutido, o que não tem acontecido recentemente”, disse.
Ainda em relação à Argentina, Patriota negou veementemente que o Brasil poderia se intrometer na questão que envolve a reestatização da petrolífera YPF, antiga sede da espanhola Repsol em solo argentino. “Nesse caso, somos apenas ouvintes. Conversei a respeito do assunto com o ministro de Assuntos Exteriores e Cooperação da Espanha, José Manuel García-Margallo, e recebi uma resposta muito boa. Segundo ele, os espanhóis entendem que essa uma decisão política soberana, mas estão preocupados com a negociação de uma compensação adequada e nós esperamos que esse processo de negociação não crie nenhum sobressalto”, disse.
Patriota disse também que sentiu “muita firmeza” na postura do ministro de Assuntos Exteriores e Cooperação da Espanha, José Manuel García-Margallo, em relação à uma mudança no tratamento dispensado aos brasileiros que tentam entrar no país. Os dois se encontraram nesta quarta-feira (16), em Brasília.
Crise na Europa
Outro tema que permeou durante a sabatina do chanceler brasileiro foi a crise econômica que a Europa enfrenta. O ministro reafirmou a posição já explicitada pela presidente Dilma Rousseff de que a crise no velho continente afeta os países emergentes, diminuindo suas reais perspectivas de crescimento.
Apesar disso, o chanceler afirmou que a Europa “tem a capacidade de se reinventar”. “A crise é profunda e séria, mas transitória”, completou Patriota. Em relação à eleição de François Hollande na França, o ministro brasileiro acredita que o socialista pode ser “um agente com potencial de dar nova dinâmica ao G-20 (grupo dos 20 países mais ricos do mundo). Segundo ele, o novo cenário francês traz a expectativa de “mais crescimento econômico” à Zona do Euro.
Conselho de Segurança
O ministro rechaçou ainda que os Estados Unidos sejam o principal agente de impedimento a uma possível reforma do Conselho de Segurança, que eventualmente incluiria o Brasil numa nova formação.
“As pessoas superdimensionam o papel dos Estados Unidos no Conselho de Segurança”, afirmou o ministro. Segundo ele, Alemanha e Inglaterra já se posicionaram favoráveis a entrada do Brasil no Conselho e a China somente não aderiu à solicitação por conta de “questões que envolvem conflitos históricos”.
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