A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) informou hoje (25) que o Irã está construindo uma segunda usina de enriquecimento de urânio. O órgão diz ter recebido há quatro dias uma carta em que o fato é relatado pelo governo iraniano.
Dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, Estados Unidos, França e Reino Unido se mostraram preocupados e cobraram inspeção. China e Rússia também pediram cooperação. Pequim, no entanto, descartou a possibilidade de impor novas sanções. Os cinco países têm direito a veto.
O Irã negou que esta segunda planta de enriquecimento – o país já possui a de Natanz – seja um projeto clandestino.
“Essa instalação não é secreta, por isso relatamos sua existência à AIEA”, disse Ali Akbar Saleri, chefe da agência nuclear iraniana, à agência AFP. Teerã alega que não precisa informar a agência da ONU sobre nenhuma nova instalação até 180 dias antes que haja algum material nuclear no local.
A AIEA não forneceu detalhes, mas disse acreditar que “nenhum material nuclear tenha sido introduzido na instalação do Irã”, segundo Marc Vidricaire, porta-voz do organismo vinculado à ONU (Organização das Nações Unidas). A única informação concreta fornecida por ele foi que o nível de enriquecimento de urânio seria de até 5%. Para se fabricar uma bomba nuclear, o urânio tem de ser extremamente enriquecido.
Numa entrevista à revista Time, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, negou que o país esteja fazendo algo em segredo e disse que não é obrigado a comunicar suas atitudes ao governo dos Estados Unidos.
A Casa Branca disse que já sabia da existência da usina, que esta fica perto da cidade de Quom, a cerca de 160 quilômetros de Teerã, e ainda não está em funcionamento. Segundo um funcionário do governo norte-americano que pediu para não ser identificado, citado pela agência EFE, a instalação está equipada com 3.000 centrífugas. A quantidade seria insuficiente para o uso civil de urânio, mas capaz de processar material para a fabricação de uma ou duas bombas ao ano.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, exigiu uma inspeção internacional imediata na usina para enriquecimento de urânio, que representa um “desafio direto” às normas globais sobre armas atômicas.
Os presidentes da França, Nicolas Sarkozy, e do Reino Unido, Gordon Brown, acompanharam Obama numa entrevista coletiva sobre o tema, em Nova York, onde se realiza a Assembleia-Geral da ONU. Sarkozy declarou que a comunidade internacional vai considerar a hipótese de impor novas sanções a Teerã. “Não podemos deixar que o Irã ganhe tempo”.
O anúncio ocorre durante a Assembleia-Geral da ONU e às vésperas de uma reunião em Genebra do Grupo dos 5+1, ou seja, dos membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China) mais a Alemanha, justamente para tratar do programa nuclear do Irã e um possível endurecimento das sanções.
No dia 1º de outubro, haverá uma reunião internacional em Genebra para tratar do assunto.
(Atualizada às 17h20)
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