Dois conturbados vizinhos na Ásia, Irã e Paquistão, fecharam hoje (25) um acordo de cooperação militar para combater o terrorismo na fronteira entre ambos, anunciou o governo iraniano, segundo a agência de notícias Fars.
“Segurança na fronteira, drogas, tráfico de armas e de seres humanos e intercâmbio de informações entre os dois países estão entre os principais e mais importantes eixos do acordo”, disse o ministro iraniano do Interior, Mustafá Muhammad Najjar, que foi ao Paquistão para assiná-lo.
Na semana passada, uma explosão matou 42 pessoas no sudeste iraniano, próximo à fronteira paquistanesa. O atentado foi dirigido contra a Guarda Revolucionária, corpo de elite do exército iraniano, e matou oficiais de alta patente. O governo em Teerã atribuiu a paquistaneses a autoria do ataque, que acabou assumido pelo grupo sunita Jundolah, que atua nos dois lados da fronteira. Na ocasião, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, acusou autoridades do país vizinho de darem cobertura aos terroristas.
Hoje, respondendo em tom conciliatório, o presidente do Paquistão, Assif Ali Zardari, afirmou que os terroristas que cometeram o atentado são inimigo de ambos os lados e desejam prejudicar a relação entre os dois países.
Também hoje, o ministro (secretário) de Educação da província paquistanesa do Baluchistão, Shafique Ahmed Khan, foi assassinado em Quetta, perto de casa. Os autores do atentado ainda não foram identificados. O primeiro-ministro do país, Yusuf Raza Gilani, condenou o assassinato.
O Paquistão tem sofrido um problema crescente com o terrorismo –
agravado com a invasão do vizinho Afeganistão pela OTAN, alegadamente
em represália aos ataques de 11 de setembro nos EUA. Fugindo das tropas ocidentais, o grupo fundamentalista afegão Talibã teria penetrado em território paquistanês, onde passou a atuar. Atualmente, o grupo é alvo de uma grande ofensiva das forças armadas do Paquistão, intensificada esta semana.
Mas os problemas paquistaneses com o terrorismo não se resumem aos talibãs. No final de 2007, um homem-bomba matou a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, então recém-regressada ao seu país e líder da oposição ao general Pervez Musharraf, que governou o país de 1999 a 2008. O próprio ditador foi alvo de vários atentados fracassados enquanto esteve no poder.
Enquanto isso, o Irã vive relativa estabilidade e maior segurança interna. Atentados como o da última semana são menos comuns.
O Irã mantém um regime teocrático desde a revolução islâmica de 1979, quando clérigos xiitas derrubaram a monarquia pró-ocidental do xá Reza Pahlevi. Já o Paquistão alterna governos democratas e seculares com militares ou afins a fundamentalistas desde sua independência e separação da Índia, em 1947. Ambos os países também fazem fronteira com o Afeganistão, que vive sob guerra civil intermitente há mais de três décadas.
Apesar da proximidade e de interesses políticos, diferenças culturais e religiosas também aproximam os dois vizinhos. O Irã, antiga Pérsia, é um país de maioria xiita e relativa homogeneidade étnica: 67% são persas ou indo-iranianos, assim como cerca de metade da população afegã. Já o Paquistão tem maior diversidade, incluindo 44% de punjabis (como os da Índia), 14% sindhis e 15% de e pashtuns (etnia da outra metade do Afeganistão), sendo quase todos sunitas. Além disso, a região do Baluchistão (com uma etnia própria, os balúchis) é dividida entre os territórios dos dois países.
Além do acordo com o Irã, o Paquistão assinou neste domingo um acordo de cooperação de inteligência com a Turquia, de acordo com a agência APP (Associated Press of Pakistan). Pelo memorando de entendimento, a Academia de Serviço Exterior paquistanesa e o Centro de Serviço Exterior turco vão colaborar para treinar diplomatas e pessoal de inteligência para desbaratar conspirações terroristas, conter o tráfico de armas e trocar informações. O anúncio foi feito por Gilani junto ao primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayip Erdoğan, em visita oficial a Islamabad.
“Nossos dois países decidiram aumentar significativamente a parceria estratégica e intensificar a cooperação política e econômica”, declarou Erdoğan.
A Turquia é país-membro da OTAN e assumirá o comando das forças da aliança ocidental no Afeganistão no próximo dia 1o.
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