Uma semana antes da viagem do presidente Hassan Rouhani a Nova York para a 68ª Assembleia Geral da ONU, o Irã libertou nesta quarta-feira (18/09) 11 dos prisioneiros políticos mais proeminentes do país, entre os quais a premiada advogada de direitos humanos Nasrin Sotoudeh. A ativista foi presa em 2010 e condenada a seis anos de prisão, sob a acusação de atentar contra a segurança nacional.
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Entre os prisioneiros libertados, oito são mulheres e três, homens. Além de Sotoudeh, há informações de que foram soltos ainda o político reformista Mohsen Aminzadeh e a jornalista Mahsa Amrabadi, cujo marido Masoud Bastani, também jornalista, permanece na cadeia.
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“Não sei porque me soltaram, não sei sob qual base legal me libertaram. Mas estou livre”, afirmou Sotoudeh, em entrevista por telefone. “Não é uma liberação temporária, é liberdade”, disse seu marido, Reza Khandan. “Eles a colocaram num carro e a deixaram em casa”, explicou.
Agência Efe
A advogada iraniana Nasrin Sotoudeh, libertada hoje juntamente com outros 11 presos políticos
Nasrin Sotoudeh, vencedora do Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento do Parlamento Europeu, é uma respeitada advogada de direitos humanos, conhecida principalmente por atuar em casos políticos de grande status na sociedade. No ano passado, quando estava detida na prisão de Evin, ela fez uma greve de fome durante 49 dias, para protestar contra as condições da cadeia e as sanções impostas à sua família.
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“Meus objetivos e mentalidade são os mesmos de antes, eu não mudei”, afirmou a ativista, acrescentando que, como outros advogados, continuaria trabalhando “para restaurar a justiça e defender os direitos dos manifestantes”.
Governo moderado
No âmbito político, analistas consideram a libertação de presos políticos um passo significativo no esforço do presidente Rouhani, considerado moderado, para reparar as relações de seu país com o ocidente, atrapalhadas por disputas quanto ao programa nuclear do Irã e críticas sobre suas políticas de direitos humanos.
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Wikicommons
Em sua campanha antes de ser eleito, em junho, Rouhani já havia prometido libertar os presos políticos, que, segundo uma investigação do jornal britânico The Guardian, chegam a quase 800 pessoas no Irã, se somados aos prisioneiros de consciência.
“Essas libertações estão claramente relacionadas à viagem de Rohani a Nova York”, afirmou o analista político Farshad Ghorbanpour, segundo o New York Times, próximo ao novo presidente. “O Irã quer causar uma boa impressão na véspera dessa viagem”. Apesar disso, dezenas de pessoas continuam detidas por suas posições ideológicas no país.
Essa não foi a primeira atitude de Rouhani a chamar a atenção do Ocidente e a sinalizar mudança em relação ao governo de seu antecessor, Mahmoud Ahmadinejad. Em um governo que, até agora, mescla medidas liberais e conservadoras, ele já havia surpreendido ao criar uma conta no Twitter e desejar, por meio dela, um “abençoado Rosh Hashanah”, ano novo judaico, aos judeus.
Além disso, o novo presidente iraniano já demonstrou vontade de retomar as relações com os países ocidentais, especialmente os Estados Unidos, e dialogar sobre a questão nuclear, para que os dois lados saiam ganhando. No entanto, ele se manteve firme ao dizer que o Irã não abdicaria de seu programa nuclear.
Nesta semana, relatos de alguns internautas iranianos de que tanto o Facebook quanto o Twitter haviam sido desbloqueados no país surpreenderam todo o mundo, mas, um dia depois, as redes sociais foram barradas novamente, gerando especulação sobre se a liberação havia sido proposital ou apenas um acidente.