A República da Irlanda assumiu nesta segunda-feira (31/12) a presidência rotativa do Conselho da União Europeia (UE) com o objetivo de gerar durante o primeiro semestre de 2013 “estabilidade, emprego e crescimento”.
Esses são os três pilares básicos do programa de atuação do governo de Dublin para o início do próximo ano, no qual celebra também o 40º aniversário da entrada do país na então chamada Comunidade Econômica Europeia (CEE).
Em cerimônia realizada hoje no castelo de Dublin, quando foi içada a bandeira comunitária, o primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny, disse que seu país buscará soluções à crise econômica. Até esta segunda-feira, a presidência do conselho do bloco era ocupada pelo Chipre.
Desde seu ingresso na CEE, a Irlanda ocupou sete vezes a presidência comunitária. A última foi em 2004, quando sob seu mandato se formalizou o ingresso de 10 países do Leste do continente, a maior expansão da UE desde sua fundação.
Eram os tempos da chamada economia do “Tigre Celta” e a Irlanda era vista por seus parceiros como um exemplo de crescimento e prosperidade, o que tentou transparecer com uma gestão em que foram gastos cerca de 110 milhões de euros durante o primeiro semestre de 2004, uma quantidade que até então pareceu excessiva.
NULL
NULL
Por motivos muito diferentes, oito anos depois a Irlanda se tornou novamente um exemplo a seguir para o restante dos países-membros, embora sua receita agora seja economizar e ter austeridade.
Os empréstimos da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao país, de 85 bilhões de euros, obrigaram o Executivo de Dublin a implementar desde 2010 um duríssimo plano de ajuste que, segundo os organismos supervisores, está dando resultados. A Irlanda é o “aluno prodígio” para os membros que, como a Alemanha, insistem que as políticas de austeridade funcionam.
Em seu período à frente da presidência rotatória, Dublin também quer estabelecer os fundamentos para que o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) possa recapitalizar diretamente os bancos e, se for possível, de maneira retroativa no caso irlandês, de modo que o Estado possa recuperar parte de sua contribuição ao resgate de seu sistema financeiro.
O primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny, e seu adjunto no Executivo e titular de Relações Exteriores, Eamon Gilmore, já avisaram que trabalharão de maneira “aberta e justa” para a Europa, mas também enfatizaram que continuarão negociando um acordo para seu país.
Após o fracasso dos últimos diálogos para estabelecer o marco orçamentário da UE para o período 2014-2020, a Irlanda definiu como outra prioridade recorrer a suas reconhecidas habilidades diplomáticas para fechar as contas comunitárias no começo do ano.
Neste sentido, com alguns orçamentos já pactuados, Gilmore se comprometeu a iniciar o protocolo burocrático necessário para que os fundos comecem a fluir a partir de 1º de janeiro de 2014.
Além disso, a Irlanda quer aproveitar os laços históricos que a ligam aos Estados Unidos para avançar, durante 2013, no estabelecimento de um futuro “acordo de livre-comércio”, uma questão considerada fundamental para reativar a economia da UE e pôr em prática políticas de criação de emprego.
Segundo Gilmore, serão buscadas iniciativas similares com outros parceiros internacionais, como Japão, Canadá e Cingapura, pois as relações possuem potencial para fazer crescer até 2% o Produto Interno Bruto (PIB) da UE.