Sessenta e sete anos após a vigência da atual Constituição, a Islândia se prepara para apresentar um novo texto para substituir sua atual Carta Magna. Uma assembleia de 25 integrantes, escolhidas entre 522 os membros do paramento daquele país, trabalha para apresentar, até o final de julho, um projeto de reforma da carta.
A novidade é que, através de diversas redes sociais, os islandeses podem acompanhar o andamento dos trabalhos e também participar efetivamente. O objetivo da medida é fazer com que essa mudança conte efetivamente com a participação da população.
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Por isso, o governo autorizou a criação de uma página no Facebook para em que internautas possam sugerir mudanças. Outras redes sociais também foram contempladas para a democratização do processo. Além de uma conta no Twitter, os islandeses também participar e acompanhar o processo pelo YouTube e o Flickr.
De acordo com reportagem do jornal espanhol El País, quatro temas dominaram a discussão no Facebook: o papel da religião no Estado, a isonomia entre os poderes Executivo e Legislativo, a proteção aos animais e os cuidados com o meio ambiente.
“Se não fizermos as pessoas participarem agora, não existirá um sentimento de propriedade em relação ao novo documento”, disse Katrin Oddsdóttir, uma das 25 constituintes. “Temíamos as pessoas participassem dizendo grosserias, mas não tem sido assim, há muito respeito e os cidadãos se preocupam com o processo”, disse ela.
Porém, como era de se esperar, nem todos os comentários são feitos com seriedade: “Podiam colocar na nova Constituição islandesa algo sobre os extraterrestres. Seriam provavelmente os primeiros”, sugere uma das postagens.
O mecanismo de participação popular deve funcionar da seguinte maneira: a assembléia abriu um site oficial em islandês e em inglês sobre o projeto de reforma. Na página, os cidadãos podem ler os comentários que foram postados no Facebook. Todas as quintas-feiras, a assembléia se reúne e realiza um debate transmitido ao vivo com todos os temas e sugestões.
Até o momento, o canal continua aberto e possui quase quatro mil participantes. O pequeno país nórdico possui 320 mil habitantes e dois terços deles têm acesso à internet. O texto deve substituir o atual, feito em 1944, quando a ilha se tornou independente da Dinamarca. Depois de pronta, a Constituição precisa ainda ser aprovada em referendo nacional e pelo Parlamento islandês.
O país sofreu um colapso bancário em 2008, que o obrigou a nacionalizar seus principais bancos e o forçou a receber ajuda do FMI (Fundo Monetário Internacional). Os protestos populares provocaram a queda do governo de coalizão em janeiro de 2009 entre o conservador Partido da Independência e o Partido Social-Democrata. Agora, a esquerda governa por maioria absoluta desde abril de 2009 um país que negocia agora sua entrada na União Europeia.
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