As autoridades israelenses começaram a aplicar medidas extraordinárias nesta quarta-feira (05/08) contra extremistas, após o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, instruir as autoridades a reprimir o que classifica como “terrorismo judaico”, usando, inclusive, as chamadas “prisões administrativas”, caso se houvesse necessidade.
Com a decisão, o Judiciário reagiu e emitiu ordens desse tipo de detenção — que não exige acusações, provas ou julgamento e antes eram reservadas somente a palestinos — aos judeus radicais de extrema-direita Mordechai Mayer e Aviatar Slonim.
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Casa incendiada de família palestina onde bebê morreu na última sexta: ato incentivou governo israelense a coibir ultraortodoxos
Mayer, de 18 anos, foi condenado à prisão administrativa por ao menos seis meses por “envolvimento em atividades violentas e atentados terroristas praticados nos últimos tempos”, afirmou o Ministério da Defesa, em comunicado.
Segundo o jornal israelense Haaretz, Mayer foi questionado por conexões em ataques violentos em Jerusalém no ano passado. O jovem já havia sido detido, mas rapidamente libertado por suspeita de envolvimento em um incêndio criminoso atribuído a ultraortodoxos na Igreja de Tagbha, no mês passado. Situado na região da Galileia, o local é considerado sagrado pela tradição cristã, pois é onde Jesus teria realizado o milagre da multiplicação dos pães e peixes.
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Netanyahu em reunião com ministros nesta quarta: medidas mais duras contra extremismo judaico
Poucas horas antes, Aviatar Slonim, outro ativista de extrema-direita, foi preso sob alegação de pertencer a um grupo radical que apoia a violência contra árabes e busca substituir o governo de Israel por um reinado judaico.
Assim como Mayer, Slonim já havia sido preso por um curto período de tempo em novembro de 2014, acusado de incendiar uma casa de palestinos na cidade de Hebron. À época, ele já havia sido proibido de entrar na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental pelas autoridades palestinas.
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Além dessas detenções, a corte de Nazaré estendeu na segunda (03/08) até domingo (09/098) a prisão provisória de Meir Ettinger, uma figura conhecida do extremismo judaico acusado de “crimes nacionalistas”. Ettinger, de 24 anos, é neto de Meir Kahane, rabino fundador do movimento racista islamofóbico Kash, assassinado em 1990 em Nova York.
Essas detenções ocorrem poucos dias após a morte de um bebê palestino em um incêndio criminoso na cidade de Duma, na Cisjordânia ocupada. O ataque ocorreu na última sexta (31/07), quando colonos ultraortodoxos quebraram as janelas da residência e jogaram bombas incendiárias em seu interior. Pai, mãe e irmão dormiam durante o ato e estão internados em estado grave.
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Ettinger, após condenação de corte de Nazaré, cidade situada no norte de Israel, na segunda-feira
Ataques de colonos israelenses contra civis palestinos são comuns na Cisjordânia —território controlado pela ANP (Autoridade Nacional Palestina), mas cujas terras são constantemente anexadas pelo governo israelense — dado que judeus gozam de tratamento privilegiado e raramente são condenados por suas hostilidades.
Para o grupo de ultradireita Homenu, as detenções mostram uma “perda de controle do Ministério de Defesa” e um “comportamento populista das autoridades”, afirmou a organização em nota. “Nós nos opomos categoricamente ao uso de detenções administrativas e de prisões contra judeus”.