O presidente norte-americano, George W. Bush, recusou um pedido secreto de Israel, feito em 2008, de fornecimento de bombas especiais para um ataque ao complexo nuclear iraniano de Natanz, o maior do país, segundo reportagem do The New York Times.
Os explosivos serviriam para atravessar as quase impenetráveis paredes de cimento da central de Natanz, cujo centro nevrálgico se encontra a vários quilômetros de profundidade, segundo o diário espanhol El Pais.
Citando fontes diplomáticas oficiais, o The New York Times informa que Bush, ao negar o pedido de Israel – um forte aliado dos Estados Unidos –, ofereceu como contrapartida a informação de que havia autorizado novas operações de espionagem. A intenção seria sabotar os esforços iranianos para desenvolver seu programa nuclear – que teria o suposto objetivo de fabricar armas de destruição em massa, o que o Irã nega.
Pouco após as conversas entre Israel e Estados Unidos, os planos israelenses foram congelados. No entanto, os diálogos tensos também exigiram que a Casa Branca intensificasse a partilha de informações de inteligência com Israel e, sutilmente, sabotasse a infra-estrutura nuclear iraniana, gerando um extenso programa de espionagem secreto que Bush entregará ao presidente eleito, Barack Obama.
O programa norte-americano, iniciado no início de 2008, inclui esforços para penetrar a cadeia de suprimentos nucleares iraniana, ao lado de novas ações, como a destruição dos sistemas elétricos, de computadores e outras redes das quais o Irã depende, afirma o jornal norte-americano.
Bush teria sido convencido por altos oficiais, encabeçados pelo secretário de Defesa, Robert M. Gates, de que um ataque ao Irã provavelmente seria ineficaz, pois levaria os inspetores internacionais a deixar e tiraria as atenções da opinião pública do programa nuclear. Também chegou-se à conclusão de que atacar Natanz provocaria um conflito generalizado, envolvendo inevitavelmente as tropas norte-americanas na região, compostas por 140 mil soldados.
Herança para Obama
Desde sua eleição, no dia 4 de novembro de 2008, o futuro presidente Barack Obama tem sido exaustivamente informado das ações norte-americanas contra o Irã, apesar de seus assessores para o processo de transição terem se recusado a comentar o tema.
Já no começo de seu mandato, Obama deverá decidir se vale a pena dar continuidade às ações de espionagem iniciadas por Bush, pondo em risco uma diplomacia mais efetiva e tranqüila com o Irã.
Fontes norte-americanas ouvidas pelo The New York Times acreditam que o Irã tem em funcionamento em torno de 4,5 mil centrifugadoras para processamento de material nuclear – uma cifra muito superior às estimativas dos inspetores internacionais, de 3,8 mil. Os Estados Unidos acreditam que 4 mil centrifugadoras são capazes de produzir, a cada oito meses, urânio o suficiente para uma bomba nuclear.
Pressão de Tel Aviv
O jornal ainda destaca que, em 2007, informações de que o Irã havia interrompido seu programa nuclear há quatro anos, devido a dificuldades técnicas, chegaram aos altos oficiais norte-americanos. Com este dado em mãos, Israel logo se preocupou em provar o contrário.
Enquanto tentava convencer os Estados Unidos de que o Irã seguia com seu programa nuclear, Tel Aviv tentou convencer Bush a aumentar a pressão sobre o Irã.
A tensão entre Estados Unidos e Israel teria chegado a tal ponto que um exercício militar realizado pelas forças israelenses em meados de 2008, perto do espaço aéreo iraniano, chegou a “assustar de verdade” altos oficiais norte-americanos.
O próprio chefe do Estado-Maior, almirante Mike Mullen, pediu explicações pessoalmente ao seu homólogo israelense, general Gabi Ashkenazi, durante uma recente visita a Tel Aviv, quando o convenceu a conter qualquer ataque contra o Irã, e esperar os efeitos do programa de espionagem, ainda em curso.
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