A hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do mundo, seria o eixo da interconexão elétrica na América do Sul se o Paraguai comercializasse seu excedente no mercado livre do Brasil, país com o qual controla a usina, disse à Agência Efe seu ex-diretor paraguaio Carlos Mateo Balmelli.
Essa é a ideia que Mateo apresenta no livro Itaipu, uma reflexão ético-política sobre o poder, lançado nesta quarta-feira (03/08) no Teatro Municipal de Assunção em um ato junto ao ex-chefe de Estado uruguaio Julio María Sanguinetti, entre outros oradores.
“A ideia deste livro é abrir um novo horizonte para a integração energética, com uma proposta de integração de dois mercados, o brasileiro e o paraguaio”, disse à Efe Mateo, que dirigiu Itaipu durante quase dois anos, entre 2008 e 2010.
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O Brasil completou em maio o processo legislativo para que o Paraguai receba a partir deste ano US$ 360 milhões anuais como compensação pela cessão de seu excedente, o triplo do valor de hoje. O tratado de constituição de Itaipu, de 1973, estipula que Brasil e Paraguai têm direito cada um a 50% da eletricidade gerada pela hidrelétrica, e estabelece que o excedente deve ser vendido ao outro sócio. O Paraguai satisfaz sua atual demanda com apenas 5% da potência gerada.
O reajuste do valor foi estipulado em 2009 pelo então presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu colega paraguaio, Fernando Lugo.
Mateo sustenta que com o tempo cairá essa receita ao ritmo que aumente o consumo local em Itaipu, pelo que se o Paraguai pudesse vender o excedente no mercado livre brasileiro, e não através da distribuidora estatal, se daria “um passo qualitativo para alcançar uma integração energética regional”.
Para as autoridades brasileiras, a hipótese é inviável, citando o tratado de construção da usina, que remonta a uma época em que os dois países eram governados por ditaduras militares e que não prevê que a energia chegue a terceiros Estados.
Para Mateo, o tratado de Itaipu permite a aplicação de sua proposta e, em todo caso, a questão passaria por negociações mais políticas que técnicas quando o Brasil “assumir uma visão mais integradora”.
Mateo foi substituído na Entidade Binacional Itaipu por Gustavo Codas, do setor mais esquerdista na coalizão de Governo que dá respaldo a Lugo.
Participaram do ato desta quarta-feira o vice-presidente do país, Federico Franco, os presidentes da Câmara e do Senado e outras autoridades políticas paraguaias, assim como empresários e diplomatas.
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