A prefeita de Roma, Virginia Raggi, enfrenta pedidos de renúncia após a prisão do seu chefe de Departamento Pessoal, Raffaele Marra, nesta sexta-feira (16/12), enquanto o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, anunciou que se afastará do cargo devido a investigações que o relacionam com um caso de corrupção e fraude de licitações na Expo Milão 2015.
Raggi disse que “errou” ao confiar em Raffaele Marra, considerado seu “braço-direito”, detido sob acusações de corrupção em um caso de 2013 envolvendo a compra e venda de casas pela Enasarco, um órgão de assistência para representantes do comércio.
“Provavelmente, nós erramos. Marra já era um dirigente e nós confiamos nele. Fico decepcionada pelos cidadãos romanos, pelo M5S [seu partido] e por [Beppe] Grillo, que demonstrou perplexidade. Substituiremos logo Marra e temos plena confiança na magistratura”, disse a prefeita.
A prisão ocorreu após uma operação de busca e apreensão da Guarda de Finanças da Itália na sede da prefeitura de Roma realizada nesta quarta-feira (14/12), na qual foram apreendidos documentos relacionados a indicações feitas por Raggi. Além de Marra, estão sendo investigadas as nomeações de Renato Marra, irmão de Raffaele, à direção de Turismo local, Salvatore Romeo, ativista do M5S (Movimento 5 Estrelas), para chefe da secretaria política da prefeita, e Carla Ranieri para chefe de Gabinete.
Crise política leva oposição a pedir renúncia de Raggi
A oposição reagiu às denúncias pedindo que Raggi renuncie, apoiada pelos partidos aliados da época eleitoral, Liga Norte e Força Itália. Matteo Salvini, líder do partido extrema-direita Liga Norte, afirmou que para “a situação de Roma, a única palavra é eleição – e rápida”. “Em cinco meses, os 5 Estrelas erraram muito”, disse Salvini.
Já o presidente do Partido Democrático, Matteo Orfini, ironizou as declarações da prefeita, dizendo que Raggi “não perdeu só seu homem de confiança, mas também o senso de ridículo”.
A prefeita, no entanto, rejeitou a possibilidade de renunciar. “Quero ser clara que a administração vai adiante. O doutor Marra não é um expoente político e o meu braço-direito são os cidadãos romanos. E é para eles que trabalhamos sem descanso. Vamos adiante com serenidade”, acrescentou.
Agência Efe
Prefeita de Roma Virginia Raggi admitiu “erro” em entrevista coletiva após prisão de Raffaele Marra
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Na terça-feira (13/12), a assessora municipal para o Meio Ambiente, Paola Muraro, deixou o cargo após ser notificada pela Justiça sobre uma investigação de tráfico ilegal de lixo, abuso de poder e fraude. Antes dela, houve uma série de renúncias causadas pela demissão “via Facebook” da chefe de Gabinete Carla Ranieri por Raggi. Raniei renunciou, junto ao assessor de Finanças, Marcello Minenna, o diretor-geral da Atac (Agência de Transporte Público de Roma), Marco Rettighieri, e o presidente da entidade, Armando Brandolese, e o presidente da Ama (empresa pública que gerencia a coleta de lixo), Alessandro Solidoro.
Giuseppe Sala oficializa suspensão do cargo
O prefeito de Milão, Giuseppe Sala, também alvo de investigações, anunciou nesta sexta-feira (16/12) que deixará o cargo temporariamente, após denúncias do seu envolvimento em um caso de corrupção e fraude em licitações na Expo 2015. Segundo a agência de notícias italiana Ansa, outras cinco pessoas relacionadas ao caso estão sendo investigadas.
“A minha ausência é motivada pela pessoal necessidade de conhecer, acima de tudo, os casos e os fatos contestados. Por isso, até o momento que me for esclarecido o quadro acusatório, acredito que não posso exercitar os meus deveres institucionais”, escreveu Sala, do Partido Democrático, à vice-prefeita da Comuna, Anna Scavuzzo, o vice-prefeito da cidade metropolitana, Arianna Censi, e para o presidente do Conselho Comunal, Lamberto Berotolè.
Agência Efe
Giuseppe Sala, prefeito de Milão, anunciou afastamento nesta sexta-feira após denúncias de corrupção
Sala, que na época era CEO da Expo Milão 2015, está sendo investigado por falsidade material, em licitações fraudulentas para a “Piastra dei Servizi” do evento, considerado o mais importante local da Expo para a preparação da área onde seriam construídos os pavilhões.
O prefeito, no entanto, afirmou não ter recebido nenhuma notificação oficial por parte da Procuradoria de Milão. “Soube de fontes jornalísticas que serei colocado entre os investigados no âmbito do caso da 'Piastra' Expo. Mas, não tendo a mínima ideia das hipóteses investigativas, decidi me suspender do cargo de prefeito”, disse Sala no dia anterior à oficialização de seu afastamento.
“Na próxima semana, me apresentarei ao Conselho da Comuna de Milão e da Cidade Metropolitana para falar sobre o caso”, conclui na carta anunciando sua suspensão.
(*) Com ANSA