O Comitê Panamericano de Juízas e Juízes pelos Direitos Sociais e a Doutrina Franciscana (Copaju) condenou nesta quarta-feira (05/05) a violência policial diante das manifestações contra as reformas neoliberais do governo Iván Duque.
Em nota, o Copaju afirmou que os eventos no país são graves, fazendo um chamado urgente para que se termine com a violência e o uso de armas de fogo. Assim como a necessidade da construção de canais que possibilitem avançar rumo à justiça social.
“Rechaçamos a violência e o uso da força e das armas nos protestos como resposta do Estado. Requeremos especificamente ao governo da Colômbia que cesse imediatamente o uso de armas de fogo para o atendimento da ordem pública diante de legítimas manifestações de protesto social, conforme recomendação do Relator das Nações Unidas”, declaram.
O comunicado critica principalmente o uso de “repressão estatal indiscriminada”, bem como as violações sistemáticas dos direitos humanos. “Nada justifica a violência estatal indiscriminada, o desrespeito à vida e a violação de direitos. Nada justifica a perda de vidas devido a protestos sociais”, afirmam.
Segundo a Human Rights International, 15 assassinatos foram relatados durantes os protestos, cinco confirmados e 10 em investigação. A organização declarou que 870 pessoas foram presas e 205 estão desaparecidas. O boletim da HRW aponta ainda cinco denúncias de abusos sexuais.
“Encorajamos a resolução urgente das demandas sociais parar frear a escalada violenta e a abertura imediata de investigações criminais para alcançar a verdade, a justiça e punições responsáveis pelas violações de direitos humanos denunciadas”, indicou o Comitê exortando que o governo de Duque “dê passos concretos para recuperar o bem comum e a paz, com base na justiça social”.
Protestos continuam
Diversas marchas acontecem por várias regiões do país. Em Cali, cidade onde se deu uma das mais violentas repressões policias na última segunda-feira (03/04), um coletivo de movimentos indígenas marchou juntamente com categorias de trabalhadores e estudantes, partindo da Universidade del Valle.
Reprodução/ @cutcolombia
Diversas marchas aconteceram por várias regiões do país contra as reformas do presidente Iván Duque
A maioria das mobilizações na região ocorreram nas imediações da universidade. Ainda em Cali, o prefeito da cidade se dispôs a marchar junto com os manifestantes para, segundo ele, “dialogar com o povo”.
Na capital colombiana, Bogotá, milhares de manifestantes marcharam por diversas vias da cidade. Uma enorme concentração começou à tarde na Praça Simón Bolívar. Os manifestantes carregavam cartazes e gritavam palavras de ordem contra o presidente Duque.
“Aqui estão marchando os que querem paz”, foi um dos gritos entoados durante os protestos. Ainda em Bogotá, centenas de estudantes se juntaram às mobilizações em frente à Universidade Nacional. Alguns manifestantes chegaram a realizar performances musicais durante esses atos.
Em Medellín, uma das maiores cidades do país, uma concentração foi realizada no Parque de los Deseos. Até as primeiras horas da tarde não havia registros de repressão policial. O local foi um dos mais atingidos pela violência dos agentes de segurança nos últimos dias, onde foram registradas diversas denúncias de abuso pela polícia.
“O povo unido jamais será vencido” e “paralisar para avançar” foram algumas das palavras de ordem cantadas por manifestantes em Medellín.
Pelo Twitter, a Central Unitária de Trabalhadores (CUT) da Colômbia compartilhou diversas marchas pelo país ao longo dia. Barranquilla, Riohacha, Valle del Cauca, Chinácota, Neiva, Cajicá e nos municípios de Chía e Pueblo Bello os colombianos saíram às ruas para continuar os protestos contra Duque.
De acordo com a CUT colombiana, na região de Buca, em Valle del Cauca, houve repressão policial, que usaram um helicóptero na tentativa de dispersar os manifestantes.
Além da Colômbia, a central também divulgou manifestações fora do país, como em Londres, na Inglaterra, e em Nova York, nos Estados Unidos.
“Em Nova York, centenas de colombianos se reúnem no consulado da Colômbia em apoio à greve nacional e rejeitando a forte repressão e assédio da Força Pública ao protesto”, disse a organização.
No território britânico, por sua vez, os colombianos que vivem em Londres se mobilizaram em apoio aos protestos “contra a brutalidade policial e a repressão do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad)”.
(*) Com Brasil de Fato.