A Justiça argentina rejeitou nesta quinta-feira (26/02) a denúncia apresentada pelo promotor Alberto Nisman, encontrado morto no mês passado, contra a presidente Cristina Kirchner. A presidente era acusada de ter acobertado o suposto papel do Irã em atentado contra uma entidade judaica que aconteceu em Buenos Aires e deixou 85 pessoas mortas, em 1994.
EFE
Secretário de Segurança do governo, Sergio Berni, testemunhou hoje sobre operação realizada pelas forças de segurança argentinas
Em nota, o Judiciário argentino argumentou hoje que o juiz Daniel Rafecas rejeitou abrir investigação sobre as acusações de Nisman. “A análise das evidências apresentadas junto com a denúncia inibem o início de um processo penal, porque não só deixam órfão de qualquer sustento típico o fato descrito, como também uma suposta manobra de 'encobrimento' e/ou 'entorpecimento da investigação' do atentado”, justificou o juiz.
“Os indícios colhidos estão longe de cumprir os critérios mínimos”, informou uma declaração do Centro de Informação Judicial, a agência de notícias do judiciário, de acordo com a Reuters.
Encontrado morto em seu apartamento em 18 de janeiro, Nisman, tinha acusado a chefe de Estado, o chanceler argentino, Héctor Timerman, e vários colaboradores por orquestrar um plano para livrar os suspeitos iranianos do ataque à entidade judaica Amia, que ocorreu há mais de 20 anos.
O falecimento do promotor de 51 anos aconteceu poucas horas antes do seu comparecimento ao Congresso, onde, tinha assegurado, iria fazer revelações explosivas sobre o ataque. Quem deu continuidade à investigação foi o promotor Gerardo Pollicita, que pediu a Rafecas para processar Cristina Kirchner e o resto dos acusados por Nisman no dia 13 de fevereiro.
EFE
Nisman vivia no bairro Puerto Madero, em Buenos Aires, e tinha sofisticado aparato de segurança para garantir sua integridade física
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'Prematuro'
Há mais de um mês, as circunstâncias da morte do promotor ainda não foram esclarecidas. Hoje, a fiscal encarregada em analisar o polêmico episódio, Viviana Fein, afirmou que ainda é “prematuro” descartar qualquer hipótese.
“Com as medidas periciais que tenho pendentes, é prematuro dizer se o mataram, se ele se suicidou ou se induziram essa morte. Tenho provas concretas, mas falta bastante”, declarou Fein, em entrevista publicada pelo jornal La Nación.
Suicídio ou assassinato, a morte de Alberto Nisman gerou uma onda de revolta da população no país e levou o governo a reformar o serviço secreto argentino. Em todas as ocasiões, Cristina Kirchner classificou as acusações de “absurdas”.
EFE
Também conhecida como 18F, manifestação foi apelidada de marcha dos guarda-chuvas