O líder líbio, Muamar Kadafi e o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, concordaram com o plano de paz proposto pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que tem como objetivo encerrar a crise política pela qual a Líbia passa, noticiou nesta quinta-feira (03/03) a rede de TV do Catar Al Jazeera.
Chávez telefonou para Kadafi nesta segunda e terça-feira, quando apresentou formalmente sua proposta para buscar uma solução negociada para a violência na Líbia. Além de Kadafi, Moussa e Chávez, participou da reunião o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro.
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De acordo com a Al Jazeera, o plano consiste em enviar à Líbia uma comissão integrada por países da América Latina, Europa e Oriente Médio. Nem o governo líbio, nem o venezuelano, informaram detalhes. Outras informações sobre a estratégia devem ser apresentados ainda hoje, no Cairo, em nova reunião da Liga Árabe.
O presidente da Venezuela apresentou o plano pela primeira vez na semana passada, durante um encontro com estudantes. Na ocasião, ele criticou as estratégias de intervenção militar apresentadas pela comunidade internacional. “Em vez de mandar marines, aviões, navios de guerra e tanques [dos Estados Unidos] contra o povo líbio, por que não enviamos uma comissão de boa vontade que vá tratar de ajudar para que não continuem matando lá na Libia?”, disse Chávez, segundo a rede multiestatal Telesur.
Moussa foi um dos que criticou a repressão que o regime de Kadafi exerceu sobre os protestos na Líbia. Numa resolução aprovada ontem, a Liga Árabe suspendeu a Líbia da organização e sugeriu que Kadafi desse uma resposta às reivindicações.
Na segunda-feira (28/02), o Pentágono informou que reposicionaria forças navais e aéreas em torno da Líbia para entrar em ação “caso fosse necessário”. Desde então, os navios têm se aproximado da região. O Egito confirmou que os navios anfíbios USS Kearsarge e o USS Ponce foram autorizados a seguir para o Mediterrâneo. Além dos navios, os EUA também mantêm um porta-aviões no Golfo Pérsico mas, até o momento, ainda não há informações sobre o deslocamento da embarcação.
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Ontem (02/03), o presidente do Equador, Rafael Correa, declarou que não era “uma má ideia” a proposta de criar uma comissão de países. O presidente insistiu que seu país “tem mantido uma atitude prudente com os países do Oriente Médio” e lembrou que entre fevereiro e março deste ano o chanceler Ricardo Patiño tem previsto um giro entre esses países para “estreitar os laços”.
Correa destacou, além disso, que a realidade desses países “não é igual a da América Latina onde não existir eleições em quatro anos [representa] a ruptura da democracia”.
O presidente esclareceu que a comunidade internacional “recentemente se deu conta que na Líbia houve eleições fraudulentas. Queria que dissessem o mesmo, em algum momento, da Arábia Saudita, onde tampouco há democracia”. Correa também destacou que seu governo “está contra qualquer atentado aos direitos humanos”.
Vários líderes da América Latina, entre eles Juan Manuel Santos, da Colômbia, Mauricio Funes, de El Salvador, e Felipe Calderón, do México, já condenaram a repressão violenta contra a população Líbia.
Por sua vez, Venezuela, Cuba e Nicarágua se posicionaram contra a hipótese de uma intervenção estrangeira na Líbia. “O povo líbio deve definir seu destino sem interferências estrangeiras. Os povos soberanos são os únicos protagonistas da história e nenhuma força estrangeira está autorizada a intervir nos assuntos internos da nação líbia”, declarou o embaixador da Venezuela na ONU (Organização das Nações Unidas), Jorge Valero, durante a reunião da Assembleia Geral, que expulsou a Líbia do Conselho de Direitos Humanos (CDH) .
O embaixador cubano na ONU, Pedro Núñez Mosquera, se alinhou ao colega venezuelano nessas acusações e defendeu “uma solução pacífica e soberana sem ingerências nem intervenções estrangeiras”. “Acompanhamos com preocupação as reiteradas declarações dos EUA e da União Europeia sobre a possibilidade de uma intervenção armada”, à qual “Cuba se opõe categoricamente.”
Nesse mesmo sentido se pronunciou a embaixadora da Nicarágua na ONU, María Rubiales de Chamorro, que expressou a preocupação de seu país com a perda de vidas humanas no caso de uma intervenção. “Acreditamos na capacidade e sabedoria do povo líbio e de sua liderança comandada por Kadafi para resolver seus problemas internos e encontrar uma solução pacífica de maneira soberana, sem ingerências, sem dois pesos e duas medidas, sem intervenções militares estrangeiras de nenhum tipo”, afirmou.
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