Uma estratégia adotada pelo comando de campanha da candidata à presidência do Peru, Keiko Fujimori, vem causando polêmica nas eleições do país. Semelhante ao que fez seu pai, o ex-presidente Alberto Fujimori, durante seu governo, a candidata está distribuindo alimentos nas regiões mais pobres no entorno da área urbana do Peru. Para a oposição, se trata de compra de voto.
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A denúncia foi feita pelo jornal espanhol El Mundo e aponta que os simpatizantes da candidata estão distribuindo alimentos como arroz, açúcar, leite e lentilha nos locais citados. Os preços desses alimentos sofreram uma recente alta e, segundo a publicação, se converteram em “artigos de luxo”.
Efe
Keiko faz campanha em Callao, estado de Lima. A candidata do Força 2011 se aproximou de Humala das pesquisas
Os voluntários responsáveis pela distribuição dos alimentos afirmaram que Cecília Matsuda, do comando de campanha da candidata, é a responsável pela coordenação da ação.
A iniciativa foi divulgada por e-mail e buscou o apoio de simpatizantes à candidata que concorre no segundo turno das eleições com o nacionalista Ollanta Humala. A campanha, no entanto, pretende ser “silenciosa, mas efetiva”, segundo o texto enviado por e-mail.
De acordo com a reportagem, quem decide aderir à estratégia recebe instruções para levar 2 pacotes de arroz, 2 latas de atum, uma de açúcar, uma de feijão e um pacote de biscoitos. Tudo em uma bolsa transparente onde, posteriormente, será colocada uma etiqueta com um K, de Keiko, na cor laranja.
As bolsas serão entregues nas regiões pobres ao redor da capital, Lima, por conta da comemoração do Dia das Mães, no próximo domingo (08/05). As doações serão feitas também em comunidades rurais da região dos Andes e continuarão até o fim da campanha eleitoral. A eleição que definirá o sucessor de Alan García será realizada no próximo dia 5 de junho.
Em entrevista ao jornal El Mundo, Matsuda afirmou que encara as doações como uma ajuda social. Além disso, informou que a iniciativa parte dos simpatizantes de Keiko e não da equipe da candidata.
Tática antiga
A estratégia de Keiko de distribuir alimentos para a população pobre é comum durante sua campanha. A prática é exercida também nos momentos que antecedem sua visita a comunidades pobres do Peru.
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“As pessoas de seu partido chegam antes dela e distribuem comida e biscoitos para que a população esteja mais feliz”, revelou Rosa Castillo, coordenadora nacional do Clube de Mães, entidade que representa os grupos de mulheres de regiões pobres que buscam restaurantes populares na luta contra a desnutrição.
A ação, no entanto, faz lembrar as práticas de seu pai. Na busca por apoio popular, Fujimori se utilizou de ações assistencialistas, até hoje lembradas pela população peruana. O ex-presidente governou o país de 1990 até 2000 e atualmente está preso por conta de uma condenação de 25 anos por violações dos direitos humanos e corrupção, enquanto era presidente.
“Ele distribuía alimentos com uso político. Usava os alimentos com fins proselitistas e também repressivos. As mães tinham que apoiar o Fujimori publicamente e assistir às reuniões, obrigatoriamente. Caso contrário, as ajudas alimentícias seriam canceladas”, afirmou Castillo.
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Castillo revelou também que antes da eleição que definiu os candidatos do segundo turno, realizada no último dia 10 de abril, era o próprio irmão de Keiko, Kenji Fujimori, que distribuía alimentos e fogões nos restaurantes populares, como parte de sua campanha ao Congresso. Ele foi o deputado mais votado.
Corrida eleitoral
A última pesquisa a respeito da disputa eleitoral no segundo turno da eleição peruana foi divulgada na última quarta-feira (04/05), pelo instituto Ipsos-Apoyo.
O levantamento revelou um empate técnico entre Humala e Keiko. O primeiro soma 39% de preferência do eleitorado enquanto a segunda conta com 38%. A margem de erro é de 2,2% e o nível de confiabilidade da pesquisa é de 95%.
A inevitável associação da imagem de Keiko em relação aopai é determinante mesmo entre aqueles que apóiam a candidata. Segundo pesquisa de opinião realizada pela CPI (Companhia Peruana de Investigação) e divulgada no último dia 28 de abril, o fato de Keiko ser filha do ex-presidente peruano é o principal motivo de voto entre os eleitores que a apóiam, com 17,2%.
O mesmo motivo, no entanto, é a primeira justificativa entre aqueles que rejeitam o nome da candidata, com 37,8%. A associação entre Keiko e seu pai, nos números, se mostra determinante para a decisão que será tomada no próximo dia 5. As estratégias de campanha da candidata peruana, no entanto, ganham proximidade significante às ações de seu pai à frente do país.
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