Sem um passado político, a médica Michelle Bachelet deixa hoje (11) o governo do Chile com a marca de 84% de aprovação popular, testada por uma catástrofe que matou 497 pessoas e atingiu dois milhões – causada pela série de terremotos e tsunamis dos últimos dias.
Criticada por ter resistido a dar ordens aos militares para conter a ação de saqueadores, Bachelet assumiu diretamente o controle das ações emergenciais e obteve o apoio da comunidade internacional.
Claudio Reyes/Efe
Michele Bachelet recebe a presidente argentina, Cristina Kirchner, em seu último dia de mandato
O legado deixado por Bachelet reúne conquistas no campo social, a ampliação da política externa chilena e o equilíbrio econômico do país – embora com risco de inflação de 3,6% neste ano em decorrência dos prejuízos causados pelos abalos sísmicos. A presidente, porém, esbarrou nas dificuldades de lidar com o Congresso chileno, o que, segundo especialistas, pode ocorrer com seu sucessor Sebastián Piñera.
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Na gestão de Bachelet foram aprovados 316 projetos de lei, dos quais 201 foram encaminhados pelo Executivo e apenas 115 pelo Legislativo.
Para a oposição a Bachelet – que será governo na gestão de Piñera -, a presidente desprezou as questões de política interna em detrimento de temas externos. No período em que esteve à frente do governo, Bachelet se esforçou para ampliar as oportunidades de comércio para o Chile. O Brasil é um dos principais parceiros dos chilenos, ocupando o 8º lugar geral e o 1º na América Latina.
Em 2008, foram investidos cerca de nove bilhões de dólares. Os chilenos compram, em geral, dos brasileiros petróleo, automóveis, ônibus e aparelhos celulares. O Brasil investiu aproximadamente dois bilhões no Chile. Dos chilenos, os brasileiros compram cobre, salmão, frutas e vinho.
Museu da Memória
Na última etapa de sua gestão, a presidente inaugurou o Museu da Memória e dos Direitos Humanos. A inauguração fazia parte de seus projetos de governo, uma vez que ela perdeu o pai durante o regime militar.
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O museu é uma homenagem às vítimas da ditadura – que durou de 1973 a 1990 – e suas famílias. O local tem 19,1 metros quadrados e reúne fotografias, depoimentos, cartas e até a reprodução de uma sala de tortura. No dia da inauguração do museu houve muita emoção e os chilenos mencionam o local com orgulho.
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