Agência Efe (10/11)
O recém-eleito líder do Conselho Nacional Sírio, um dos principais blocos da oposição, pediu neste sábado (10/11) para os países da comunidade internacional que apoiam a mudança de governo no país enviarem milhões de dólares em ajuda e armas para a luta dos rebeldes contra o presidente Bashar al Assad.
George Sabra, que ganhou a disputa eleitoral nesta sexta (09/11) em reunião no Catar, disse que os grupos da oposição síria estão decepcionados com a falta de colaboração de países aliados. Enquanto os amigos de Assad “dão tudo ao regime, nós não ganhamos nada deles, com exceção de alguns discursos e incentivo”, disse o rebelde à agência internacional Associated Press.
Ele ainda acrescentou que os países aliados não deveriam impor condições para enviar ajuda financeira e militar aos grupos. Pois, de acordo com Sabra, as forças da oposição precisam de mais colaboração e materiais para derrotar os oficiais sírios e as milícias pró-Assad, com quem lutam há mais de 19 meses no país.
As declarações vêm apenas dois dias depois do governo britânico anunciar que vai rever a sanção da União Europeia no fornecimento de armas para os rebeldes durante a próxima semana. De acordo com apuração do jornal Guardian, o premiê do Reino Unido, David Cameron, vai concentrar forças para colocar a possibilidade de retirar Assad do poder “de volta na mesa” de negociação.
O líder do Conselho Nacional Sírio concedeu a entrevista durante encontro com outros grupos que lutam contra o governo de Assad, mas que não compõem o bloco. O principal objetivo da reunião, que teve início neste sábado (10/11) e se estenderá ao longo da semana, é constituir uma frente ampla das forças sírias rebeldes, unificando as principais figuras da oposição em uma organização política.
Até então, essa proposta havia sido rechaçada pelo bloco que temia perder espaço nas negociações de paz e na futura transição política na Síria. A mudança de posição foi consequente de um plano estratégico de Riad Sief, dissidente sírio que integra o Conselho. O ex-oficial acredita que a comunidade internacional reconheceria a frente da oposição unificada como uma organização política legítima, o que possibilita a colaboração financeira e militar.
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Unidade necessária
O presidente da Liga Árabe disse nesta quarta (07/11) que Assad não vai permanecer no poder por muito tempo, mas pediu para os grupos da oposição superarem suas diferenças. “É importante unificar a visão da oposição, especialmente porque todos sabem que o regime na Síria não vai se manter e um dia a Síria viverá uma nova situação”, afirmou Nabil el Araby citado pela rede Al Jazeera.
Especialistas também indicam que o sucesso dos rebeldes depende, neste momento, de sua unidade ideológica e capacidade de organização.
Formado por exilados e antigos aliados de Assad, o conselho é alvo de muitas críticas por grupos da oposição que permanecem no território sírio lutando contra Assad. Segundo eles, o bloco é distante da realidade do conflito e apenas quer inferir nas negociações contra o governo.
Durante essa semana na capital do Catar, o grupo reuniu seus 420 integrantes para discutir suas diretrizes e escolher por meio do voto dois líderes e um presidente. Sabra, antigo opositor do regime sírio, passou oito anos em prisões do país e foi detido duas vezes depois do início das revoltas. Em 2011, o rebelde conseguiu fugir do país e agora, vive na Turquia.
Histórico
Estima-se que pelo menos 35 mil pessoas foram mortas desde o início das revoltas populares contra Assad em março de 2011. Segundo a ONU, cerca de 1,2 milhões de sírios precisam de ajuda humanitária urgente.