O cofundador e uma das lideranças do Talibã, mulá Abdul Ghani Baradar, chegou a Cabul, capital do Afeganistão, neste sábado (21/08) para iniciar as conversações com outros membros do grupo e políticos do país com o objetivo de estabelecer um novo governo afegão.
Segundo a emissora Al Jazeera, Baradar vai se reunir com comandantes militares do Talibã, antigas lideranças do governo afegão e representantes religiosos.
Residindo no Catar nos últimos anos, ele foi um dos responsáveis pelas negociações com os EUA em 2020, quando Washington decidiu retirar suas tropas do Afeganistão.
“Ele estará em Cabul para se encontrar com oficiais jihadistas e líderes políticos para o estabelecimento de um governo inclusivo”, disse um alto funcionário do Talibã à agência AFP.
O retorno do mulá Baradar ao Afeganistão ocorreu na terça-feira (17/08), dois dias depois do grupo islâmico ter assumido o controle do país. Ele desembarcou em Kandahar, o epicentro do poder do Talibã entre 1996 e 2001.
Os líderes do grupo de diversas partes do território afegão estão se reunindo em Cabul para discutir a formação do futuro governo, em meio às pressões da comunidade internacional pela adoção de uma linha menos radical. Os talibãs já abriram conversas inclusive com o ex-presidente Hamid Karzai, que governou o Afeganistão de 2001 a 2014.
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Abdul Ghani Baradar vai se reunir com comandantes militares do Talibã, antigas lideranças do governo afegão e representantes religiosos
Baradar foi dos mujahideen, formado pelos EUA
Abdul Ghani Baradar, nascido na província de Uruzgan (sul) e criado em Kandahar, é o cofundador do Talibã com o mulá Omar, que morreu em 2013, mas cuja morte ficou escondida por dois anos.
Como aconteceu com muitos afegãos, sua vida foi marcada pela invasão soviética em 1979, que o tornou um mujahid, e acredita-se que ele tenha lutado ao lado do mulá Omar.
Em 2001, após a invasão e ocupação norte-americana e a queda do regime do Talibã, ele teria feito parte de um pequeno grupo de insurgentes prontos para um acordo no qual reconheceriam a administração de Cabul. Mas essa iniciativa acabou fracassando.
Ele era o líder militar do Talibã quando foi preso em 2010 em Karachi, Paquistão. Ele foi libertado em 2018, especialmente sob pressão de Washington.
Ouvido e respeitado pelas várias facções do Talibã, ele foi então nomeado chefe de seu escritório político, localizado no Catar. A partir daí, ele liderou as negociações com os EUA que levaram à retirada das forças estrangeiras do Afeganistão.
*Com Rfi