O Comitê Central do PCCh (Partido Comunista Chinês) iniciou neste sábado (09/11) em Pequim seu conclave anual para estabelecer a direção do crescimento econômico do país. Realizada a portas fechadas e com duração até terça-feira (12), a reunião deste ano pode apresentar “reformas sem precedentes”, como já havia anunciado, no último mês, Yu Zhensheng, quarto líder em importância do governo.
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A reunião dos 370 membros titulares e suplentes do Comitê Central do PCCh tem o nome oficial de 3º Plenário do Comitê Central do 18º Congresso do Partido Comunista da China e, segundo Zhensheng, vai aprovar reformas políticas, econômicas, sociais, culturais e ambientais.
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Os anúncios suscitaram expectativas em todo o mundo e até mesmo comparações com a reunião de 1978, quando o então secretário-geral do partido, Deng Xiaoping, começou a introduzir no país um sistema criado por ele e chamado de socialismo de mercado. Desde então, o conclave anual tem sido visto como particularmente importante para a China.
Agência Efe
Bandeira da China, bandeira comunista e retrato de Mao Tsé-Tung são colocadas juntas em exposição de indústria em Pequim
O presidente da China e atual secretário-geral do PCCh, Xi Jinping, e o primeiro-ministro Li Keqiang enfrentam o desafio pensar medidas que permitam que a economia chinesa mantenha níveis de crescimento suficientes e sustentáveis, no momento em que seus motores dão sinais de que começaram a perder força. Os líderes chineses pretendem que o modelo atual, baseado nas exportações, dê lugar a outro baseado no consumo interno.
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Isso, de acordo com analistas, requer reformas fundamentais, por exemplo, no sistema de autorização interna de residência (“hukou”), que fixa a pessoa ao lugar onde nasceu sob pena de perder prestações como a educação dos filhos, o serviço médico ou a aposentadoria. A incógnita que deve ser esclarecida com a reunião é até que ponto os chineses estão dispostos a mudar o sistema vigente.
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O problema, entretanto, é que a implementação de reformas será desafiada por aqueles que prosperaram no sistema atual, segundo afirmou Feng Chongyi, especialista em economia chinesa da Universidade de Tecnologia de Sydney, ao jornal The Guardian. “Os chineses sabem que o sistema atual é ‘capitalismo de elite de poder’ ou ‘capitalismo de estado do partido’. Eles falam sobre coisas boas, mas boas reformas serão deturpadas para servir aos interesses deste grupo de interesse restrito”, apontou.
Especialistas afirmaram também que, apesar da grande expectativa em relação às reformas, seus efeitos podem ser sentidos só daqui a alguns anos. “O problema desse tipo de reunião é que não é vista como algo historicamente importante até anos depois de ter acontecido”, afirmou Kerry Brown, diretor-executivo do Centro de Estudos da China da Universidade de Sydney.
Durante as reuniões prévias, circularam documentos do Centro de Estudos do Conselho de Estado (o Legislativo chinês) com uma série de propostas que incluem a internacionalização do iuane em um prazo de dez anos e a liberalização das taxas de câmbio em três anos. Este documento, que será discutido durante o plenário, serve para dar uma ideia do tom geral das reformas que se tratadas, mas não tem caráter vinculativo. Detalhes sobre o conteúdo da reunião não são esperados até o dia de seu encerramento, quando tradicionalmente a agência oficial de notícias do país, Xinhua, envia um longo relatório.
Agência Efe
Guarda chinês vigia entrada de prédio com faixa onde se lê “vida longa ao Partido Comunista”, em Pequim
Reformas no sistema político, por outro lado, não são esperadas. O presidente Xi Jinping, que na próxima semana completa o seu primeiro ano no poder, deixou claro durante seu mandato que isso não faz parte de seus ideais. Confirmando isso, iniciou uma série de iniciativas que reafirmam o controle do governo, incluindo um endurecimento no controle sobre a internet e as redes sociais.
Para a realização da reunião, a segurança foi reforçada em Pequim, especialmente depois que nas últimas duas semanas foram registradas duas explosões em lugares emblemáticos comunistas na China: a praça de Praça da Paz Celestial e uma sede provincial do Partido em Taiyuan, a capital da província de Shanxi.