Efe
A coalizão entre Netanyahu, do Likud (direita) e Lieberman, do Yisrael Beitenu (esquerda), se mantém no 33° governo de Israel
O ex-ministro das Relações Exteriores de Israel Avigdor Lieberman afirmou nesta segunda-feira (18/03) que seu partido, o ultradireitista Yisrael Beiteinu, tratará de bloquear qualquer tentativa do novo governo israelense de congelar novamente a construção de colônias judaicas na Cisjordânia.
A poucas horas de o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o novo Executivo jurarem seus cargos na 33° coalizão de governo, Lieberman afirmou em entrevista coletiva que, depois de “não ver resultados” na moratória parcial sobre a construção de assentamentos judaicos na legislatura que se encerra hoje, fará uma fervorosa oposição a qualquer iniciativa similar.
As negociações estão estagnadas desde setembro de 2010, após conclusão da moratória parcial de dez meses decretada no final de 2009 e depois que os palestinos se negaram a seguir negociando enquanto Israel não declarar outra suspensão da construção na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
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“Estamos preparados para fazer gestos, mas não podem ser unilaterais”, declarou Lieberman, para quem Netanyahu tem reservada a pasta das Relações Exteriores após a conclusão de um processo judicial instaurado por acusações de fraude e corrupção.
Lieberman também ressaltou que “todos os membros do Yisrael Beitenu também vão se opor a um possível congelamento na construção de assentamentos”.
Por outro lado, negou os rumores que apontavam que sua formação poderia romper a coalizão com a qual concorreu ao pleito, realizado no último mês de janeiro, junto ao conservador partido Likud, liderado por Netanyahu.
“Isso não está em nossa agenda”, declarou o ex-ministro antes de reconhecer que “no Likud há pessoas que não estão conformes com essa união”. No entanto, segundo Lieberman, seu partido terá tempo para pensar nessa possibilidade durante o recesso de férias (pela Páscoa judaica) e, posteriormente, “consolidar sua respectiva posição”.
O partido Yisrael Beiteinu é considerado pelos analistas locais como o grande vencedor da nova coalizão, já que obteve 11 dos 120 deputados no Knesset e também terá cinco pastas ministeriais. Além das Relações Exteriores, reservada para Liebermann, Yair Shamir terá Agricultura; Uzi Landau, Turismo; Yitzhak Aharonovitch, Segurança Pública; Sofia Landver, Absorção de Imigrantes.
Neste domingo (17/03), Netanyahu nomeou como ministro da Defesa Moshé Yaalon, um dos principais homens do Likud e chefe das Forças Armadas entre 2002 e 2005, e destacou sua experiência para enfrentar um momento considerado difícil por ele no Oriente Médio.
Yaalon é considerado um dos dirigentes mais radicais no seio do Likud. Ele se viu envolvido em polêmicas ao falar dos palestinos como um “câncer”, da principal organização pacifista de Israel, Shalom Ajshav, como um “vírus” e da possibilidade de matar o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.
Yaalon já deixou claro publicamente sua relutância em desistir das ocupações na Cisjordânia e deixar o caminho livre para a formação de um Estado palestino. “Com o Hamas na Faixa de Gaza e grupos relacionados no Egito e Síria, a principal preocupação do governo israelense é a defesa antes da diplomacia”, afirmou. Seu período como chefe do Exército não foi estendido após se opor à retiradas de forças israelenses da Faixa de Gaza.
No entanto, ele é visto como um dos menos partidários a um ataque ao Irã para frear o programa nuclear do país. Oficiais dizem que Yaalon recomendava a Netanyahu dar mais tempo para missões diplomáticas lideradas pelos EUA.
“Em um momento tão crucial para a segurança do Estado de Israel, quando tudo está turbulento ao nosso redor, é importante que um homem com a experiência de Moshé Yaalon ostente este cargo”, disse Netanyahu ao recebê-lo em seu escritório, em Jerusalém. Por sua vez, Yaalon prometeu determinação e afirmou que utilizará sua experiência e seus valores para dirigir o Ministério da Defesa.